Faz alguns dias, em meio às frustrações com a PEC 300, à decepção com as "bolsas" federais, à nova punição sofrida (agora, por manifestações no Twitter) e à insegurança de muitos diante do potencial incremento de carga horária de trabalho em face dos eventos patrocinados (ou não) pela Liga Independente das Escolas de Samba (LIESA), tive conhecimento de que as famílias dos dependentes dos militares (federais) falecidos no Haiti receberão do governo R$ 500.000,00 de indenização, além de "bolsa educação" no valor de R$ 500,00 mensais por filho(a) em idade escolar.
Pensei no valor das pensões militares e cheguei à conclusão de que, apesar dos grandes e irreparáveis pesares, a subsistência em condições dignas dos sofridos familiares parece relativamente assegurada.
Nada mais justo!
Mas vivo e trabalho no Rio de Janeiro e não pude deixar de fazer imediata correlação com a situação dos familiares dos policiais militares regularmente (e cada vez mais) mortos no desempenho do serviço nas ruas de minha cidade (e mesmo em rincões de meu estado).
Pensei em suas condições de trabalho...
Pensei na carga horária de labuta (oficial e não oficial)...
Pensei na situação de seus familiares...
Pensei no valor das pensões...
Pensei na ausência de clamor público em razão de suas mortes, em geral, não elucidadas...
Pensei também nos policiais civis mortos como nunca antes...
Pensei em seus filhos...
Pensei na fisionomia dos frequentadores do entorno dos caixões (fardados ou não)...
E pensei no que parece revelar uma estranha mistura de revolta e resignação!
Pensei no dia seguinte... e em Marina Colasanti...
É verdade! A gente se acostuma...