Publicada em 23/05/2009 às 14:56 Soropositivo, sargento da PM vira mendigo e não vê a hora de se aposentar Paulo Carvalho - Extra
Há dois meses, o terceiro sargento da PM Paulo Roberto Gomes de Oliveira, de 44 anos, tem nova residência fixa. É numa calçada, na rua do mercado de peixe, em São Gonçalo, que ele - na companhia de outros três moradores de rua - dorme e amanhece. Seu companheiro hoje é um filhote de gato que ele batizou de "Meu amigo".
Na nova vida como morador de rua, o PM, oficialmente lotado no 12º BPM (Niterói), se alimenta com restos de sopas, biscoitos e coisas doadas por igrejas e comerciantes. As roupas que usa também lhe foram dadas (assista ao vídeo que mostra o drama do sargento da PM que vive como mendigo) .
O drama do PM começou há três anos. Ao descobrir que era portador do vírus HIV, Paulo Roberto se internou no Hospital Central da Polícia militar (HCPM), onde acabou se licenciando.
Com dívidas acumuladas em função de vários empréstimos que teve que fazer, o sargento acabou mergulhado no ostracismo, abandono e foi viver na rua.
Desde que soube da doença, o policial vem tentando sua reforma na corporação. Mas ainda não teve sucesso. Os próprios médicos que o atendem alegam que ser soropositivo não é motivo para reforma.
Alcoolismo Sem dinheiro para a passagem, ele acabou interrompendo seu tratamento. Única pessoa a lhe dar ainda assistência, a mulher do PM, Úrçula Davis Santana de Oliveira, de 40 anos, diz que o pouco dinheiro que ele ganha, gasta com bebidas.
- Ele sempre teve problemas com alcoolismo. Tudo piorou com a doença. Eu tento levar ele para casa, mas ele se nega. Anda deprimido e tenso com o problema da sua reforma - disse.
Socorro da associação A Associação de Ativos, Inativos e Pensionistas dos Policiais Militares e Bombeiros (Assinap) resolveu abraçar a causa do sargento Paulo Roberto. Inconformado com a situação, o presidente da instituição, Miguel Cordeiro, acusa a corporação de não ter um trabalho de assistência social adequado.
- O policial só serve quando está trabalhando. No caso desse sargento, virou uma pessoa descartável. Com isso, a corporação o pune duas vezes. Não garante um tratamento de saúde e não o reforma - disse Cordeiro.
Interdição O advogado da Assinap, Domingos Sávio, entrou com pedido de interdição do sargento na 2ª Vara de Família de Itaboraí. No documento, alega ser lamentável que, mesmo com o quadro de soropositivo, cardíaco, alienado mental e alcoólatra, a PM ainda não tenha optado pela reforma de Paulo Roberto.
- Estou tentando, com isso, forçar a aposentadoria dele. Entendo a demora como uma tentativa de economia do Estado - afirma o advogado.
" Estou tentando, com isso, forçar a aposentadoria dele. Entendo a demora como uma tentativa de economia do Estado " Comandante da unidade onde o sargento está oficialmente lotado, o coronel Elson Haubrichs negou que o batalhão não estivesse dando assistência ao policial.
De acordo com o oficial, um quarto foi reservado no batalhão para o sargento. Ele já chegou a ser contactado outras vezes.
- Parece que ele mesmo quer levar essa vida - disse o comandante.
Alojamento na PM Em nota oficial, o setor de Relações-Públicas da PM confirmou as informações do coronel Haubrichs sobre o alojamento oferecido ao sargento. A nota diz ainda que "o batalhão vai reiterar a disponibilidade tanto da unidade como do hospital em tratá-lo". De acordo com a assessoria, o policial apresenta bom comportamento e não responde a nenhum procedimento interno. A sua Licença para Tratamento de Saúde (LTS), pela clínica de psiquiatria da PM, vai até o dia 11 de junho de 2009.
Quanto à reforma, a nota diz que "não foi reformado, pois a soropositividade não acarreta reforma automática. É necessário que sejam preenchidos critérios que dependem da evolução ou não da doença".
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Publicada em 23/05/2009 às 14:56
ResponderExcluirSoropositivo, sargento da PM vira mendigo e não vê a hora de se aposentar
Paulo Carvalho - Extra
Há dois meses, o terceiro sargento da PM Paulo Roberto Gomes de Oliveira, de 44 anos, tem nova residência fixa. É numa calçada, na rua do mercado de peixe, em São Gonçalo, que ele - na companhia de outros três moradores de rua - dorme e amanhece. Seu companheiro hoje é um filhote de gato que ele batizou de "Meu amigo".
Na nova vida como morador de rua, o PM, oficialmente lotado no 12º BPM (Niterói), se alimenta com restos de sopas, biscoitos e coisas doadas por igrejas e comerciantes. As roupas que usa também lhe foram dadas (assista ao vídeo que mostra o drama do sargento da PM que vive como mendigo) .
O drama do PM começou há três anos. Ao descobrir que era portador do vírus HIV, Paulo Roberto se internou no Hospital Central da Polícia militar (HCPM), onde acabou se licenciando.
Com dívidas acumuladas em função de vários empréstimos que teve que fazer, o sargento acabou mergulhado no ostracismo, abandono e foi viver na rua.
Desde que soube da doença, o policial vem tentando sua reforma na corporação. Mas ainda não teve sucesso. Os próprios médicos que o atendem alegam que ser soropositivo não é motivo para reforma.
Alcoolismo
Sem dinheiro para a passagem, ele acabou interrompendo seu tratamento. Única pessoa a lhe dar ainda assistência, a mulher do PM, Úrçula Davis Santana de Oliveira, de 40 anos, diz que o pouco dinheiro que ele ganha, gasta com bebidas.
- Ele sempre teve problemas com alcoolismo. Tudo piorou com a doença. Eu tento levar ele para casa, mas ele se nega. Anda deprimido e tenso com o problema da sua reforma - disse.
Socorro da associação
A Associação de Ativos, Inativos e Pensionistas dos Policiais Militares e Bombeiros (Assinap) resolveu abraçar a causa do sargento Paulo Roberto. Inconformado com a situação, o presidente da instituição, Miguel Cordeiro, acusa a corporação de não ter um trabalho de assistência social adequado.
- O policial só serve quando está trabalhando. No caso desse sargento, virou uma pessoa descartável. Com isso, a corporação o pune duas vezes. Não garante um tratamento de saúde e não o reforma - disse Cordeiro.
Interdição
O advogado da Assinap, Domingos Sávio, entrou com pedido de interdição do sargento na 2ª Vara de Família de Itaboraí. No documento, alega ser lamentável que, mesmo com o quadro de soropositivo, cardíaco, alienado mental e alcoólatra, a PM ainda não tenha optado pela reforma de Paulo Roberto.
- Estou tentando, com isso, forçar a aposentadoria dele. Entendo a demora como uma tentativa de economia do Estado - afirma o advogado.
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Estou tentando, com isso, forçar a aposentadoria dele. Entendo a demora como uma tentativa de economia do Estado
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Comandante da unidade onde o sargento está oficialmente lotado, o coronel Elson Haubrichs negou que o batalhão não estivesse dando assistência ao policial.
De acordo com o oficial, um quarto foi reservado no batalhão para o sargento. Ele já chegou a ser contactado outras vezes.
- Parece que ele mesmo quer levar essa vida - disse o comandante.
Alojamento na PM
Em nota oficial, o setor de Relações-Públicas da PM confirmou as informações do coronel Haubrichs sobre o alojamento oferecido ao sargento. A nota diz ainda que "o batalhão vai reiterar a disponibilidade tanto da unidade como do hospital em tratá-lo". De acordo com a assessoria, o policial apresenta bom comportamento e não responde a nenhum procedimento interno. A sua Licença para Tratamento de Saúde (LTS), pela clínica de psiquiatria da PM, vai até o dia 11 de junho de 2009.
Quanto à reforma, a nota diz que "não foi reformado, pois a soropositividade não acarreta reforma automática. É necessário que sejam preenchidos critérios que dependem da evolução ou não da doença".