11/08/2009

Orelhas

Antes de escrever os parágrafos que se seguem, pensei em discorrer sobre as asneiras escritas e ditas acerca da pretensa incompetência investigativa da PM, fruto da repercussão de um dos milhares de desaparecimentos não solucionados no RJ (algo muito bem pontuado pelo Cel Paúl em seu blog). Pensei em escrever sobre a suposta (só posso entender assim) ordem dada pelo delegado de polícia ainda secretário de segurança do mesmo RJ no sentido de que um encarregado de IPM se abstivesse de requisitar perícia no caso de o cadáver ser encontrado. Que falta faz uma entidade de classe atuante!
Pensei em escrever ainda sobra a possível "operação padrão" que parece se desenhar agora no RJ, que tanto êxito teve em SE e que ganha força na BA, com a reunião do expressivo número de 11000 militares estaduais em uma única assembléia geral conjunta. Que falta faz uma entidade de classe atuante!
Lembrei-me então e quase por reflexo de falar do Elvis...



Mas resolvi começar falando de mediocridade...
Sim, sou um leitor medíocre e minha ânsia por livros acaba sendo muito maior em adquiri-los do que em lê-los.
Mesmo assim, tenho lá os meus parcos momentos de leitura ávida, principalmente quando afastado do History, Discovery, Animal Planet ou NatGeo; quando na casa de meus pais...
Desse modo, no início do ano me foi possível a proeza de ler em poucos dias "Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho"; "1808", "Ninguém escreve ao Coronel" e "Os exilados da Capela".
De lá para cá e com muito menor avidez comecei outras leituras, algumas concluídas e outras não, mas há uma da qual quero falar.
Tenho o mau (ou bom, sei lá) hábito de fazer orelhas em passagens que julgo interessantes e que poderão ser de alguma forma úteis nos livros que leio e confesso que a obra em questão ficou um pouco alterada, principalmente da metade para o fim.
Sem mais delongas, falo do rico, elucidativo e corajoso "O Espião", que em face dos aspectos culturais internos revelados ou enfatizados, dos relatos "históricos" e, talvez mais importante, das respostas que expressa ou tacitamente revela a problemas mais ou menos conhecidos por nós todos, deveria ser leitura "obrigatória" ao menos nos cursos de formação de soldados e de oficiais da "milícia" fluminense.



Quanto custa a obra? Não sei. É possível baixá-la de graça na página do autor.

"– É verdade! A última notícia que dele tive dava conta de que ele fizera um juramento de si para si que enquanto lhe restasse vida, tempo, papel e tinta, não se cansaria de questionar os métodos da comunidade de informações. Uma coisa é certa, ele não parece ter medo de arapongas. ".

3 comentários:

  1. Liberdade de expressão para os policiais! Falar bem pode....
    Estou na torcida para que a "operação padrão" também dê certo aqui no Rio, porque os que lutam pelos seus direitos são os verdadeiros policiais!

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  2. Emir Larangeira16:28

    Prezado major Wanderby

    Obrigado pela referência ao meu romance. Se a PMERJ tiver interesse, posso doar um livro para cada cadete. É só me dizer a quantidade, que eu envio os livros imediatamente, com o maior prazer.
    Outra coisa que precisamos deixar sempre esclarecido: investigação, criminal ou não, é técnica de apuração de um fato, primeiramente para constatar se ele existiu ou existe no mundo, depois, aí sim, verificar se se trata de fato tipificado como crime. Investigar não é exclusividade de ninguém; investigação criminal só existe depois que o fato é concretizado e assim tipificado e, aí sim, no caso de crime de competência da justiça comum, cabe à polícia judiciária preparar o o Inq. Pol. indiciando autores e culpados, se for o caso. Será um fato criminoso a ser apurado em processo criminal por iniciativa do MP, que é o titular absoluto da opinio delict. No caso de crime militar, cabe à OM ou OPM investigar seguindo a mesma lógica: primeiro concluir ou não pela existência do fato; segundo, se é fato tipificado como crime militar ou comum; terceiro, se há indícios de autoria e culpa. Isto é feito dentro do IPM, e as peças da investigação, incluindo perícias, são juntadas. A perícia pode ser até executada por especialistas, como, por exemplo, ocorre com a UNICAMP. O resto é conversa fiada. O que a PMERJ necessita é de montar um Corpo Pericial dotado de todos os meios científicos e tecnológicos para instruir o IPM ou outros meios de investigação para saber se o fato existiu ou existe no mundo e blablablá... Não fazemos melhor porque não queremos.

    Abraços afetuosos

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  3. Sra Rose
    Também estou torcendo pelo sucesso da chamada "operação padrão". Acho que a visão ou não dos apontadores de jogo de bicho em nossas esquinas (o Méier - que é uma vergonha sob tantos outros aspectos - e o Centro do Rio que o digam!) será um bom indício de sua realização ou não.
    Sr TC Larangeira
    Obrigado ao Sr pelo auxílio, pela confiança e pela coragem de dizer o que muitos talvez queiram ouvir, mas poucos tenham audácia de falar.
    Torço para que a oferta seja aceita e gostaria sinceramente de acreditar que a lição acerca de investigação não seja ainda algo desconhecido nos bancos escolares da Corporação. Folgaria em saber que nossos profissionais não estão ainda aprendendo que são meros agentes da autoridade e que toda ocorrência termina na DP.

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