"Corrupção na mira do MP
Procurador-geral de Justiça admite reabrir inquérito sobre rede de propina na Polinter, que seria chefiada por Álvaro Lins, a partir de informações da investigação da máfia dos caça-níqueis
Adriana Cruz
Rio - O procurador-geral de Justiça, Marfan Martins Vieira, afirmou ontem que poderá reabrir o inquérito no qual o ex-chefe de Polícia Civil e deputado estadual eleito Álvaro Lins é acusado de criar rede de corrupção na Polinter. A base da denúncia é o depoimento do preso Fabiano de Oliveira Costa. O caso havia sido arquivado, mas, após a Operação Gladiador, em que Lins é acusado de envolvimento com a máfia dos caça-níqueis, Marfan estuda a possibilidade de retomar a investigação.
Ontem, o delegado se defendeu das acusações e disse que não há prova contra ele. O procurador aguarda informações sobre a apuração envolvendo os chefões do jogo, Rogério Andrade e Fernando Iggnácio, ambos presos, para tomar sua decisão.
A dupla de contraventores foi denunciada pelas procuradorias de Justiça Estadual e Federal. “Me reuni com a promotora de Bangu, Valéria Videira, e há outros procedimentos na Polícia Federal. Em caso de prova nova, o caso será reaberto”, explicou. O promotor que pediu o arquivamento, Homero das Neves, disse ontem que também poderá pedir o o desarquivamento do caso ao procurador-geral.
Como O DIA publicou com exclusividade, o então secretário de Segurança e deputado federal eleito Marcelo Itagiba pediu à governadora Rosinha Garotinho a demissão de Lins e do subchefe de Polícia Civil, José Renato Torres, em 2 de fevereiro, mas ela não atendeu.
FESTA DO BICHO
Em um dos seus depoimentos ao promotor Rubem Vianna, em 15 de dezembro do ano passado, Fabiano detalhou bastidores do esquema de propina na Polinter. Em 1998, quando Rogério Andrade esteve preso na unidade, acusado do assassinato do primo, Paulo Cesar Andrade, o Paulinho Andrade, celebrou seu aniversário dentro da carceragem, que ficou enfeitada com direito a balões, chapéus infantis e “outros apetrechos de festa”.
Segundo Fabiano, “os policiais Jorginho, Helinho e Pereira, além de outros cinco, faziam a segurança, na porta do quarto” do bicheiro. Na Gladiador, Jorge Luiz Fernandes, o Jorginho, e Helio Machado Conceição, o Helinho, foram acusados de dar proteção a Rogério. Conhecidos como os ‘inhos’, diminutivo de seus apelidos, seriam chefiados por Lins na máfia dos caça-níqueis.
O preso relatou também que parte de R$ 1,32 milhão, pago por 14 presos do Comando Vermelho para conseguir escapar da cela 15 da Polinter, teria sido destinada à primeira campanha de Lins. A fuga aconteceu em dezembro de 2001, quando um caminhão derrubou a parede da unidade. O dinheiro teria sido entregue ao então chefe da carceragem José Wellengton Menezes.
Outro elo na arrecadação para a campanha, segundo Fabiano, seria o atual subchefe de Polícia Civil, José Renato Torres. Os delegados negam as acusações. “Essas declarações não têm credibilidade. O próprio Ministério Público pediu o arquivamento do caso”, afirmou Lins.
Fabiano disse ainda que, mesmo preso, teria participado da campanha de Lins, em 2002, colando cartazes e retirando propaganda eleitoral de adversários. Também garantiu que tinha banco de dados da Polinter, com senhas de policias, e fazia escolta de presos, armado. Segundo ele, transferência de presos gerava fundos para a “caixinha” e detentos em cela especial, com direito a usar telefone, seriam obrigados a pagar até R$ 3 mil.
DELEGADO ACHA QUE FOI TRAÍDO
Em entrevista coletiva, Álvaro Lins afirmou ontem que se sente traído por alguns dos policiais do chamado grupo dos ‘inhos’. O ex-chefe de Polícia Civil acredita que os inspetores — que seriam ligados ao delegado, segundo a PF — podem ter usado seu nome para cometer os crimes relacionados à máfia dos caça-níqueis.
Em sua defesa, Álvaro disse que soube que estava sendo investigado através da imprensa, logo após a prisão de Rogério Andrade. “Procurei o delegado Vítor Santos, da PF, responsável pela prisão e perguntei duas coisas: ‘O senhor conseguiu algo sobre a morte de um rapaz que trabalhou na minha campanha em Bangu?’ Ele disse que não. ‘Sou alvo da investigação? Haveria na prisão de Andrade alguém que me incriminasse?’. Ele respondeu que não” explicou. “Disse a ele que me preocupo se alguém pode estar usando meu nome.”
Álvaro declarou que trabalhou diretamente com os policiais acusados pela PF entre 1998 e 2000, quando estava lotado na Delegacia Anti-Seqüestro. Depois, só tinha contato com os inspetores que exerciam funções operacionais e participavam de casos importantes. Álvaro garantiu ainda que não remunerava agentes que trabalharam em sua campanha e que não usou a máquina da polícia para pedir votos.
Sobre o pedido de afastamento e denúncias que o então secretário de Segurança e deputado federal eleito Marcelo Itagiba teria feito à governadora Rosinha Garotinho, Álvaro disse que prefere crer que Itagiba não acreditava nas informações. “Se ele recebeu alguma denúncia contra mim, só posso crer que ele não acreditou. Se eu recebo denúncia contra uma pessoa que trabalha comigo, acredito nessa denúncia e continuo fazendo campanha política ao lado dessa pessoa, ou eu sou mau-caráter ou eu sou irresponsável”, justificou.
O ex-chefe de polícia disse ainda que rechaçou todas as indicações políticas para nomear delegados. “Nomeação de um delegado não é ato exclusivo do chefe de polícia. Ela é remetida ao secretário, que homologa e devolve mandando fazer a nomeação”, explicou. “Não aceito a capitulação de chefe de quadrilha e vou reagir até o fim da minha vida”, garantiu.
PF envia arquivo à JustiçaA Polícia Federal encaminhou ontem à 1ª Vara Criminal de Bangu relatório do pen drive (arquivo de dados) apreendido com Rolland de Hollanda Cavalcante, preso com Rogério Andrade, dia 18 de setembro, em operação da Polícia Federal. Terça-feira, o juiz Alexandre Abrahão determinou, a pedido do Ministério Público, que as informações fossem entregues sob pena de expedir mandado de busca e apreensão do equipamento. Ontem, o Ministério Público Federal — que denunciou 43 envolvidos na máfia do caça-níqueis, resultado da Operação Gladiador — informou que pedirá à Justiça Federal a utilização das informações. Com isso, a autorização judicial terá que ser concedida por Abrahão. Até exigir a apresentação do relatório do equipamento, tanto a Justiça estadual quanto o Ministério Público estavam sem informações sobre a Operação Gladiador, embora o pedido tenha sido feito à Justiça Federal. Na 1ª Vara Criminal de Bangu, tramitam o processo contra Rogério Andrade e outros 30 réus. Eles foram denunciados por formação de quadrilha armada. Já Fernando Iggnácio e outros quatro cúmplices são acusados de três tentativas de homicídio. As duas denúncias foram feitas pela promotora Valéria Videira, da 21ª Promotoria de Investigação Penal (PIP). Há ainda 20 outros homicídios sendo investigados com suspeita de terem sido praticados pela máfia dos caça-níqueis.".
Quem foi traído mesmo?
Ou melhor, houve traído(s)?
Talvez os eleitores o tenham sido, mas ainda há tempo de que a Justiça faça (e creio, FARÁ) as necessárias retificações.
Enquanto isso o restante da quadrilha continua acharcando e extorquindo veja abaixo.
ResponderExcluirPOLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
2ª DELEGACIA DE POLICIA JUDICIÁRIA MILITAR
AUTO DE RECONHECIMENTO PESSOAL
Data: 24 de março de 2006
Nome e Cargo da Autoridade: TEN CEL PM RG 29.175 Mauro Sérgio da Silva REIS
Nome do Encarregado: 2° TEN PM RG 38.083 Marcus Vinícius de Figueiredo
Pessoa indicada para proceder ao reconhecimento: Sr. Lupércio LOZALDA CALDEIRA, portador da identidade n° JFP, já entrevistado na presente Averiguação, o qual, na presença das testemunhas presenciais:
a) 1° Ten PM RG 32.315 José Roberto Louzada
b) Subten PM RG 38.241 Luiz Carlos Ribeiro Castilho
e, após a observância do que dispõe o Art. 368 do Código de Processo Penal Militar, DISSE QUE reconheceu os 3° Sqt PM RG 50.983 GUILHERME HORSAI DA SILVA, SD PM RG 70.220 FERNANDO SILVA DO NASCIMENTO, todos do BPRV, como sendo os Policiais Militares que participaram da ocorrência no dia 16 de dezembro de 2005, no Posto 19 do BPRV, localizado no bairro Albuquerque em Teresópolis, por volta das 17:20h, reconhecendo o primeiro (3º SGT PM GUILHERME) como aquele que o convidou para ir até um quarto do Posto 19, onde solicitou dinheiro para resolver a ocorrência no local, sem maiores complicações, para liberá-lo da infração da ocorrência, e que a estrada estava somente liberada para “os meninos do Pacheco”. Reconheceu o segundo (Sd PM FERNANDO) como sendo aquele que, na abordagem, disse que iria esculachar o Declarante; que ameaçou a implantar drogas contra o Declarante, dizendo, na DP, em voz alta que: “depois assina um 12 (doze) e não sabe o porquê”; que ele fazia parte do grupo que concordou com um Detetive da turma do Inspetor Wilson, da 110a DP, que disse: “A Corregedoria é nossa, e que este Declarante estava no erro, e não iria dar em nada”. E como nada mais disse, vai por todos assinado.
MARCUS VINICIUS DE FIGUEIREDO — 2° TEN PM RG 38.083
AVERIGUADOR
LUPÉRCIO LOZALDA CALDEIRA — Ident. n°
RECONHECEDOR
José Roberto Louzada - 1° Ten PM RG 32.315
TESTEMUNHA DO RECONHECIMENTO
Luiz Carlos Ribeiro Castilho - Subten PM RG 38.241
TESTEMUNHA DO RECONHECIMENTO