27/04/2007

Graças, mais uma vez, à Polícia Federal, Itagiba! Faz sentido agora?


Correio Braziliense
21/04/07

"Deputados cujos nomes aparecem no inquérito negam contato com organização
Luís Costa Pinto
Da equipe do Correio

Em despacho protocolado no dia 26 de março deste ano e reportando-se a relatório que havia recebido no dia anterior do procurador-geral da República, referente às medidas judiciais expedidas contra a máfia dos caça-níqueis no período de 8 a 22 de março de 2007, o ministro Cezar Peluso, do Supremo Tribunal Federal, afirma que a organização criminosa tentava se infiltrar no Congresso Nacional. - 'Foram constatadas tentativas de aproximação com parlamentares (senador e deputado federal)', escreve Peluso. E continua: - 'Situação que será melhor aclarada no próximo período ou na fase ostensiva da investigação'. Os nomes de quatro deputados federais do Rio de Janeiro,

Simão Sessim (PP),

Eduardo Cunha (PMDB),

Marcelo Itagiba (PMDB) e

Marina Maggessi (PPS)

surgem no inquérito, mas não há nenhuma gravação de diálogos desses parlamentares ou de qualquer associação de seus nomes a situações flagrantemente constrangedoras ou comprometedoras. Policial civil, mulher que consolidou uma biografia na luta contra o crime organizado e a favor da causa do desarmamento, Maggessi se diz vítima de armação dos seus inimigos históricos. Ela assegura que sua campanha não recebeu um único centavo de empresas ou pessoas ligadas ao jogo do bicho e está disposta a ser investigada pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados e pela Comissão de Ética de seu partido, o PPS.

Marcelo Itagiba, delegado federal de carreira e ex-secretário de Segurança Pública do Estado do Rio, e Eduardo Cunha, nome mais influente da bancada do PMDB fluminense na Câmara e outrora coordenador dos deputados federais que gravitavam em torno do ex-governador Anthony Garotinho, são citados uma única vez cada um. As referências a ambos ocorreram no curso das investigações e durante o período da campanha eleitoral de 2006. As duas citações, tanto a Itagiba quanto a Cunha, dizem respeito a eventos de campanha aos quais eles compareceriam e onde também estariam expoentes do jogo do bicho no estado como Aniz Abrahão David e o Capitão Guimarães. Campanha 'Em período de campanha você encontra muita gente e tira foto com muita gente que não conhece, que não sabe quem é', diz o deputado Eduardo Cunha. 'Não tenho nada a ver com esse pessoal'.

O deputado Itagiba não quis falar sobre o processo. Seu nome surge na descrição da casa do bicheiro Aniz Abrahão David. Tanto Marcelo Itagiba quanto Eduardo Cunha apoiaram ou foram apoiados em determinados redutos pelos sete deputados estaduais fluminenses que já estão sendo investigados no âmbito da Operação Furacão.

O mais célebre deles é Álvaro Lins, ex-secretário de Segurança do Rio (sic). A situação do deputado Simão Sessim difere um pouco daquela dos demais colegas. Na página 6 do décimo volume do inquérito, policiais que estavam encarregados de acompanhar diuturnamente a máfia dos caça-níqueis dizem que Sessim participou de 'uma reunião da cúpula do jogo ocorrida na residência de Aniz Abrahão David'. Como o Correio divulgou ontem, há inclusive fotografias documentando o momento em que ele entra na casa do bicheiro. Aniz Abrahão David é um dos mais conhecidos comandantes do jogo do bicho no Rio e é presidente de honra da Escola de Samba Beija Flor. 'Sou primo do Aniz Abrahão, primo em primeiro grau, e vivo na casa dele', diz Sessim. 'Vou lá há muitos anos e quando quero. Mas não lembro de ter participado de reunião alguma com cúpula de nada'. Apesar de serem escassas as referências diretas a nomes de deputados e senadores nas milhares de páginas da Operação Furacão, há alguns diálogos que precisam ser decifrados. Em um deles, o policial civil identificado como 'Marcão' liga para alguém e trata ora como 'deputado', ora como 'minha autoridade', e fala sobre 'o pagamento mensal'. Inclusive é assim, 'pagamento mensal', que o diálogo surge indexado no inquérito. Essa conversa se deu às 21h03 do dia 15 de dezembro do ano passado. 'Marcão' pede autorização para subir ao apartamento do deputado, recebendo-a com a seguinte instrução: 'É o 201'. O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) pediu à Mesa da Câmara que solicite cópias das investigações ao Ministério Público e deseja que a Casa destaque um grupo para acompanhar o inquérito e seus desdobramentos em relação a nomes de integrantes do Congresso." (grifos nossos).

"Navalha na carne"?

Autolesão?

Enquanto isso, no RJ, o jogo do bicho continua LIVRE, LEVE e SOLTO.


E alguns dos principais assessores de Itagiba permenecem, intactos, nos mesmos cargos que ocupavam.

A quem interessa a manutenção do monopólio da Polícia Civil (aquela, de Lins e Maggessi) para o encaminhamento, da maneira e no tempo que desejar, de tais contravenções penais ao poder judiciário?

Por que não permitir que através da lavratura de termos circunstanciados, a PM o faça? Itagiba, Lins e Maggessi se levantaram contra tal possibilidade!




E agora, quem se levanta?


Além, é claro, de alguns daqueles que já pertenciam à equipe "ITAGIBA" e agora, mantidos nos mesmos cargos, parecem, embora de forma "suavizada", continuar no "front" em defesa... Em defesa do que? Ou de quem?

Citando Ana Paula Miranda, Diretora-presidente do Instituto de Segurança Pública (ISP) da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, em relação à utilização do TC pela PM:

Não sei se o termo circunstanciado seria avanço ou retrocesso..."(íntegra e comentários gerados disponíveis em http://www.comunidadesegura.org/?q=pt/node/32351).

Só para lembrar, o ISP (http://www.isp.rj.gov.br/) é aquela autarquia que permanece, como nos tempos de ITAGIBA e de LINS, não divulgando as taxas de elucidação de delitos da Polícia Civil o que, por certo, revelaria, por exemplo, que mesmo às aclamadas (e custosas) Delegacias Legais não servem para... INVESTIGAR.

Que também não divulga (nunca o fez) os índices estatísticos alusivos à atuação do poder público em relação ao JOGO DO BICHO. Que, de vez em quando, anuncia na mídia o advento de uma nova "cartilha" (como, por exemplo, aquela alusiva à violência contra a mulher), de um "novo" levantamento estatístico" ou de um "novo Fórum", quase que, ao menos em minha modesta opinião de contribuinte fluminense, buscando demonstrar serventia à parcela do erário destinada à sua manutenção.

E por falar em violência contra a mulher, cabe ressaltar que no auge da lavratura de Termos Circunstanciados pelo 7º BPM (São Gonçalo), antes, portanto, da vigência da "Lei Maria da Penha" e exatos dez dias antes da "ordem" de ITAGIBA, então "Chefe" de ANA PAULA, para que parássemos, foi de lá que saiu o seguinte ofício:

Esclarecendo o último quesito, o procedimento anexo ao qual fez referência Ana Paula tinha por foco justamente "denúncia" oriunda do então "Exmo Sr" Chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins,



quanto à lavratura de Termo Circunstanciado pelo 7º BPM, em face da prática de infração penal contra determinada mulher, em relação a qual a PM não apenas lavrou o TC e marcou, no local da ocorrência, a data para realização de audiência no Poder Judiciário,


e também procedeu (como de costume) encaminhamento para atendimento gracioso (jurídico e psicológico) no Centro Especial de Orientação à Mulher Zuzu Angel-CEOM/São Gonçalo. Tudo, em menos de quarenta minutos, sem afastamento da PM da rua, sem constrangimentos às partes e sem o tradicional e desnecessário "disse que" dos cartórios policiais civis.



Há ainda mais a esclarecer acerca das circunstâncias que antecederam o documento supra.


E, mudando (ou não) um pouco de assunto, por que motivo no mesmo estado do RJ, cuja remuneração da PM e PC está dentre as piores do Brasil (segunda pior, conforme levantamento da Folha de São Paulo, disponível em http://oalvodachibata.blogspot.com/), os delegados de polícia da mesma PC estão dentre os melhor remunerados (quinta melhor remuneração do Brasil)?

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