21/04/2015

O texto (e a busca) já têm mais de 20 anos

Em busca de um PM esquecido

Te observando PM, notei teu abatimento, tua tristeza, teus ideais distantes.
Tua farda já não brilha, teus ombros não a envergam com orgulho.
Tua postura já não é mais aquela de outrora.

Sei da tua dificuldade, mas fiquei divagando sobre teus sonhos ao entrar na Academia.
Não quiseste ser um policial pelo teu instinto de justiça?
Não te guiaste pela história do mocinho e do bandido?

Falo de ti, Oficial, que hoje só podes vislumbrar o futuro do soldo para sustentares tua família.
Concordo, mas não te abatas, estamos num barco só.
Falo de ti, recruta, que agora só pensas numa chance de se dar bem, de achar alguma brecha para algo melhor.Não te iluda, tudo não passa de forma inversa de destino...

E não concordando, não aceitando, querendo lembrar do princípio de tudo, peço que me ouças:
Sou o povo que tu proteges...
Sou a mulher que ajudaste a parir o filho...
Sou o vizinho, que ao segurar o pulso, evitaste uma briga...
Sou o motorista que ouviu uma lição de moral por tentar te corromper...
Sou a mulher, que passando mal, deste o ombro amigo até o hospital...
Sou a cadela que salvaste junto com os filhotes de morrer na saliência de uma pedreira após o parto...
Sou todos os pássaros que hoje voam livres depois de me arrancares das mãos do passarinheiro safado...
Sou a mulher que socorreste por estar em lugar ermo com o carro enguiçado...
Sou tanto de tanto que tu fazes...
Sou tudo de todo serviço que me prestas...

Me escuta PM!
Seja Oficial, Soldado ou Comandante.
Ergue teu ombro, veste com orgulho tua farda, olha para nós com autoridade e respeito, lembra de tudo que representa para o cidadão.

E sonha PM, sonha com vontade, tem desejo de ser digno e torna real o princípio do princípio.
Levanta tua cabeça, estufa teu peito e mostra a tua cara.
Porque nós...
nós só temos a ti.”

Íntegra de correspondência enviada pela Sra. Sheila da Silva Moura, publicada no Boletim da Polícia Militar do RJ em 04Jun92.

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