11/12/2020

Poeminha de ocasião

Da caminhada veio a inspiração.

Mas já adianto que é ficção.

Exercício de veia poética que sei, tenho não.

Causo de João, Manoel, Joaquim, Serafim e Sebastião.

João, gerente da firma de mineração.

Escrúpulos, não é segredo, não tem não.

Manoel, contador de causos e homem de ação.

Sabe bem quem é João e já contou pra multidão.

Joaquim, ficou fora da firma um tempão.

Voltou em busca de promoção.

De João recebeu comissão.

Cumpriu com capricho a missão.

Atacou Manoel com lança e facão.

Mas Serafim não gostou disso não.

Logo ele que é patrão do patrão.

Mandou João em Joaquim dar lição.

Mas Joaquim não só cumpriu a missão?

Pra João faz diferença não.

Só importa defender o quinhão.

A ordem que deu assumiu não.

Demitiu Joaquim de supetão.

Mas produziu barulho na multidão.

Tanto que logo em seguida à exclusão.

Recontratou Joaquim e prometeu promoção.

E a felicidade voltou à firma de mineração.

Ao menos até Manoel trazer um novo causo de João.

E Serafim, será que não sabe não?

Como diz o ditado, um dia a casa cai meu irmão.

Mas afinal, quem é Sebastião?

Presidente do sindicato, só não sei se de mineiro ou patrão.

Falar de Tião leva a nada não.

Ninguém dá importância quando simula alguma ação.

Nem mineiro, nem Manoel, nem patrão, nem João.

E menos ainda a multidão.

10/09/2020

Só um cachorro

Com nome e sobrenome.

Elvis Aaron Presley é alguém com quem tive o prazer de conviver desde os tempos de Major.

Elvis que parecia quase conversar conosco... Parecia?!

Elvis alegre, brincalhão, inteligente e companheiro.

Elvis ranzinza, esfomeado e cheio de manias (como só beber água em caneca).

Elvis corajoso e forte diante de um sem número de remédios e de incômodas sessões de radioterapia.

Elvis que esperou a passagem do aniversário de seu pai para partir (no dia seguinte, data do aniversário da concorrente papagaia - terá sido ao acaso?!)

Elvis, um filho querido que partiu após mais de uma década literalmente ao nosso lado.




Filho?

Mas não era só um cachorro?

Sim! Só um cachorro de um só humano.

19/06/2020

O velho normal do RJ

Mais uma grande operação da PM em área carente.
Mais um militar da PM tombado em ação.
Melhor seria dizer a verdade: morto por nada.
Mais um cadáver a virar número em  uma trágica estatística ao lado de outros, de policiais, crianças, idosos, senhoras e até mesmo marginais.
A reação? A de sempre!
A polícia civil instaurou inquérito para buscar o culpado. 
E quantos dos culpados anteriores foram descobertos? 
A polícia militar fará uma nova operação para buscar o culpado (sic); com sorte, sem mais vítimas fatais.
Façamos um breve exercício...
Esqueçamos por um momento dos culpados (em geral, nunca são descobertos mesmo).
Foquemos nos responsáveis!
Voltemos nossa atenção para as autoridades (em geral integrantes da alta hierarquia e recebedoras de consideráveis gratificações).
Até que ponto o dever de cautela em relação à preservação da VIDA tem sido negligenciado pelas autoridades públicas (civis e/ou militares) responsáveis pela deflagração de tais "operações"?
A apuração da responsabilidade das autoridades que determinam/consentem com a deflagração de "operações" em que a perda de VIDA se apresente ao final e regularmente como "efeito colateral indesejado" é medida das mais urgentes no âmbito do sistema de justiça criminal e de segurança pública do RJ.
De quem é a responsabilidade?

23/04/2020

Vírus controlado!

Na areia da praia e no mar, de onde idosos, mulheres e até mesmo crianças, incautos marginais da lei (ou do decreto) que insistem em afrontar a ciência do governo estadual, têm sido tocaiados, perseguidos, contidos em seu flagrante intento delituoso e, finalmente, presos.

Presos e sumariamente conduzidos, sob vara, para o movimentado calçadão da orla e em seguida, a bordo de um lotado "táxi camburão", para nova e "festiva" aglomeração na agradável recepção de uma delegacia de polícia.

Vírus carioca!

Prefere a areia da praia e o mar ao calçadão com quiosques fechados; também não parece ter impressão lá muito boa da polícia e de seus feitos burocráticos e morosos, buscando manter dela, sempre que possível, certo distanciamento social.

A propósito, desvendado o comportamento do vírus, talvez fosse mais eficaz a edição de um novo decreto, agora, não voltado só a seres humanos violadores em série dos poderosos e científicos desígnios do executivo estadual, mas ao próprio vírus, banindo sua presença no mar e na areia da praia; sempre, é claro, sob pena de prisão e condução para a delegacia; para a lavratura de um mero termo circunstanciado.

28/03/2020

O melhor secretário de segurança que o RJ já teve

Mega operações policiais e seus "efeitos colaterais" cessados; balas "perdidas", letalidade da polícia e contra a polícia em baixa "como nunca antes na história" recente do RJ.

Vidas de crianças e de outros inocentes valorizadas e poupadas!

Polícia Militar com padrão ibérico de qualidade do ponto de vista da destinação, majoritária e incrivelmente focada na defesa da vida e não em "mirar na cabecinha".

Avanço da "polícia privada" presente e genuinamente fluminense, constituída à revelia da Constituição Federal, integrada e financiada por particulares, e gerida de "fora para dentro" contido.

Jogo do bicho parado!

Sim, verdade... No RJ do carnaval, da improbidade quase cultural, da convivência libertina e "oficial" com a contravenção, e da cotidiana e nada casual inversão de valores, o jogo do bicho está parado.

Como fica a propina? Haverá voucher?

Não por força, é verdade, da eficácia, eficiência e efetividade da condução e desfecho de inquéritos policiais, mas do descortino de nova e implacável vertente, de ordem sanitária, crimes contra a vida e o patrimônio em brusca queda.

A sensação de impunidade de cada dia dá lugar a uma quase certeza de "punição", ainda que de ordem difusa e não penal.

Como nem tudo são flores, a vida de policiais parece continuar a merecer o valor de sempre por parte do poder público local, já que embora as infrações penais derivadas de desobediência às restrições sanitárias impostas sejam penalmente de menor potencial ofensivo, a mantença - sabe-se lá por quais razões - da lógica de não encaminhamento direto e não presencial aos Juizados Especiais Criminais (em oposição ao que já ocorre em diversas outras UF) assume agora grande potencial ofensivo à vida de policiais militares e civis, familiares, "presos", testemunhas e da população em geral.

Pelo visto há paradigmas no RJ imunes mesmo à pandemia.

Mesmo assim, há um fato muito positivo que parece estranhamente incontestável.

O RJ vivencia hoje sua melhor "política de segurança pública".

Sim eu sei, a "política" é sanitária e não de segurança pública.

Aliás, o RJ sequer possui secretário de segurança e a "política de segurança" seria ou tem sido ditada pelo próprio chefe do poder executivo.

Logo, a lógica determina a curiosa conclusão de que ao menos no RJ e em se tratando de "política de segurança", não só as noções quanto a práticas, meios e fins tendem a ser nebulosas e confusas, mas a sua mera ausência fática, ainda que determinada por razões de saúde pública, tem sido infinitamente melhor do que sua presença, real ou pretensa.