24/12/2006

Repercutiu no JB (24/12/06) - Lins, muito mais Lins! Ex Chefe de Polícia Civil.

"Assinatura de Marcello Alencar permitiu que Lins tomasse posse como delegado

Gustavo de Almeida

O governador Marcello Alencar devia ter especial apreço por aquele capitão da PM lotado em seu gabinete militar - tanto é que, durante seu polêmico governo na área de Segurança, assinou sua contratação como delegado pelo Estado. A canetada abreviou uma longa disputa judicial que, até então o capitão Álvaro Lins vinha perdendo em diversas instâncias: apesar de ter sido o primeiro colocado no concurso para delegado, tinha problemas no quesito "Avaliação Social", etapa prevista no edital segundo a qual o candidato deveria provar os bons antecedentes e a ficha limpa. Na de Álvaro Lins constava suposto envolvimento com o jogo do bicho, denunciado pelo então procurador-geral de Justiça Antonio Carlos Biscaia.
Inconformado, o capitão entrou na Justiça exigindo sua vaga de delegado e conseguiu uma decisão liminar na primeira instância. O Estado, no entanto, recorreu através de sua Procuradoria. O desembargador Pimentel Marques cassou a liminar concedida anteriormente. A longa batalha judicial durou quase um ano, até que o governador Marcello Alencar decidiu tudo com sua assinatura.
Anos mais tarde, Álvaro Lins seria inocentado no processo iniciado por Biscaia. Já bem instalado na Divisão Anti-Seqüestro, fez contatos, ganhou novos amigos e cresceu politicamente, arriscando uma candidatura a deputado estadual em 2002, mas os 23 mil votos não bastaram para elegê-lo. Mas logo voltaria à carga: no ano passado, ainda como chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins se filiou ao PSC, mas um mês depois partiu para o PMDB, partido pelo qual viria a disputar as eleições e ganhar mais de 100 mil votos e o diploma na Alerj.


Álvaro Lins prometeu vagas na Polícia para cabos eleitorais

Duilo Victor

O deputado eleito Álvaro Lins usou o prestígio dos tempos de chefe da Polícia Civil para conversar com colegas da instituição e tentar empregar prováveis eleitores com quem se comprometeu. Conversas telefônicas entre Lins e organizadores do último concurso para inspetor são novas provas apuradas pela Polícia Federal e anexadas ao pedido de cassação de diploma de parlamentar recebido por Lins há nove dias.
As conversas, segundo o procurador eleitoral Rogério Nascimento, faziam parte do lobby de Lins para cumprir promessa feita a uma platéia de candidatos aprovados no concurso, mas que não tiveram direito ao cargo. Foram 1.900 aprovados, mas apenas 200 vagas. Lins, no dia 8 de julho, em uma reunião no Tijuca Tênis Clube, disse que rasgaria a carteira profissional se não colocasse todos os aprovados na polícia. Para Nascimento, trata-se de compra de votos.
Em uma das conversas com colaboradores de campanha interceptadas pela polícia, Lins, segundo o procurador, demonstrava preocupação com uma gravação em DVD da reunião na Tijuca, em que a promessa foi registrada. Entre as ordens de Lins está a de "dar um jeito de sumir com o DVD". O site de divulgação de vídeos YouTube, o maior fenômeno da internet no ano, também foi motivo de tensão. Com medo de que o conteúdo do DVD se espalhasse pela rede e a operação abafa ficasse sem controle, Lins mandou que vasculhassem o site à procura do vídeo.
Antes de receber as provas da PF enviadas pela 4ª Vara Criminal Federal, Nascimento já havia denunciado o crime ao Tribunal Regional Eleitoral, em outubro, mas o processo foi anulado porque foi enviado depois do prazo. Desta vez, o recurso de cassação de diploma foi enviado no prazo correto, mas tem poucas chances de ser julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral antes da posse na Assembléia Legislativa, em 1º de fevereiro. Nascimento explicou que, caso haja punições contra o deputado eleito, são aplicadas mesmo depois de assumir o posto.


Memória JB - Operações da Polícia Federal

Na semana em que houve o maior número de prisões de policiais na história do Estado do Rio, ex-chefe de Polícia Civil Álvaro Lins foi considerado pelo delegado Alessandro Moretti, líder da Operação Gladiador da PF, o chefe de uma organização criminosa montada para proteger a máfia dos caça-níqueis.
Lins, delegado com careira na Polícia Militar, não foi denunciado pelo Ministério Público Federal nem teve pedido de prisão aceito pela Justiça. Ainda sem risco de enfrentar o banco dos réus na Justiça comum, já está no TRE o pedido de cassação de diploma por compra de votos e abuso de poder político.
Lins disse não ver problema nas promessas de emprego gravadas em DVD. Mas, na Operação Gladiador, um dos principais assessores de campanha, Fábio Leão, o Fabinho, foi preso e outros dois inspetores íntimos de Lins - todos conhecidos como os Inhos do delegado.
Fora da influência de Lins, o mesmo grupo de agentes federais que asfixiou a máfia dos caça-níqueis colocou na cadeia 76 policiais militares sob suspeita de colaborarem para o tráfico de drogas.
Chamada de Operação Tingüi, por causa do rio que corta a Favela do Muquiço, na Zona Oeste, a investigação da Polícia Federal confirmou uma velha lenda urbana nos bastidores das delegacias e batalhões cariocas. A Tingüi começou com a suspeita de que imigrantes angolanos ensinavam ao crime organizado técnicas de guerrilha. Mas a investigação se aprofundou e chegaram às provas de participação de 76 PMs, 40 apenas do batalhão de Bangu.".


Diante de tamanha gama de denúncias, o que dizer da decantada operação "Navalha na Carne", do Secretário Itagiba? Só atingiu a epiderme? Foi mera pirotecnia, com fins eleitorais?
Gostaria de saber se além de ex Chefe de Polícia Civil na gestão Itagiba, o epigrafado é ex oficial ou oficial inativo da PMERJ.
No caso de confirmação da segunda hipótese, não estaria na hora de ser submetido a Conselho de Justificação?

Um comentário:

Anônimo disse...

Interessante esta história de canetada. Poderia ser abordado fato ocorrido em 2002, cujo edital de Admissão para o CFO previa um determinado número de vagas e, mediante uma canetada do então Governador Garotinho, foram beneficiados cerca de 60 (sessenta) candidatos - quase o dobro do previsto inicialmente - dentre eles três filhos de Oficiais Superiores, a saber o então Diretor da DEI, CEL Paulo Cesar, o então Diretor da DGAL, CEL Gonçalves (o curioso é que ambos estão reformados por surdez e outra moléstia incurável adquirida no curso da carreira e razão dela "sem poder prover") e o terceiro beneficiado é filho do TEN CEL PM RONALDO MENEZES, hoje CMT do BPM de S. João de Meriti, oficial que deves conhecer bem, uma vez que fora Sub CMT desse no BPM de S. Gonçalo. Agora um questionamento singelo, teria o TEN CEL MENEZES moral para reivindicar promoção.
À propósito, o TEN PM TIAGO SILVA e o TEN PM FÁBIO GONÇALVES, filhos dos dois Coronéis Reformados, respectivamente, estão lotados na DGP, devido a realização de CRUSO DE PILOTO DE HELICÓPTERO realizada fora da Corporação e o TEN PM MENEZES está lotado no BPM de CABO FRIO.