18/11/2006

Não nos apequenemos!

Ante a escolha do novo Secretário de Segurança Pública, é bom lembrar que o cargo em questão não está inserido no rol daqueles que possuem prerrogativas militares. Logo, ele não terá direito à continência individual.
Ele não terá direito à continência de tropa.
Ele não terá direito à apresentação individual.
Ele não terá direito à presidência de solenidades militares, embora deva assumir posição de certo destaque, o que não se confunde, de maneira alguma, com a necessidade de que as honras militares sejam destinadas às pessoas que gozem de tais prerrogativas - E SÓ A ELAS.
Ele não terá direito à assunção de posição de "sentido" quando do "toque de SSP". A propósito, ele também não deveria ter direito ao toque (basta verificar sua fundamentação, calcada no fato de que, à época de seu "formidável" advento, o cargo era exercido por oficial do último posto, porém, inativo - que também não deveria merecê-lo, posto que o cargo é de natureza CIVIL, NÃO COMPORTANDO PRERROGATIVAS MILITARES).
É bom lembrar também que oficiais inativos não têm direito à continência de tropa e que a única autoridade civil, no âmbito dos poderes executivo, legislativo e judiciário fluminenses, que tem direito à continência é o GOVERNADOR DO ESTADO (SÓ ELE).
É claro que a continência é uma forma de cumprimento através da qual o militar PODE saudar os civis DE SUAS RELAÇÕES, mas, é óbvio, tal FACULDADE não é bastante para que nos olvidemos dos preceitos supra, regularmente aplicáveis na PMERJ por força do R-2, IG10-60 e da própria Lei n.º 443/81.
E, antes que seja tarde, é bom frisar que também não há como se atribuir as prerrogativas supra ao cargo mencionado, salvo através de modificação no R-2 (Decreto Federal); a não ser que vedemos a freqüência de oficiais generais às nossas solenidades ou então que "determinemos" a tais autoridades militares que passem a observar a precedência HIERÁRQUICA por nós estabelecida em relação ao cargo de secretário de segurança.
É bom lembrar que absolutamente nada impede que qualquer militar ocupe o cargo de secretário de segurança, tenha o posto ou graduação que tiver (lógica que, embora também se aplique aos cargos civis expressamente enunciadas no R-2, não permite, nas hipóteses lá preconizadas, escusas quanto ao direito à continência, mesmo emanada de oficiais generais). Percebam, por obséquio, que "uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa". E que, como diz o aforismo, "Deus está nos detalhes". Tenhamos mais atenção aos mesmos.
Vale lembrar também que em algum lugar do arcabouço legal pátrio, "lá no alto", está escrito que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer nada, senão ...
Portanto, também não apresentem platéia de militares ao secretário de segurança por ocasião de eventuais palestras ou reuniões. Adotem tal providência em relação ao militar de maior precedência e anunciem estar acompanhado da citada autoridade CIVIL.
VALORIZEM A FARDA, A CULTURA MILITAR e OS GALÕES.
Sejamos (e MOSTREMOS QUE SOMOS) PROFISSIONAIS; militares de polícia.
Façamo-nos respeitar institucionalmente, sem esquemas de bajulação pessoal, que NADA DE BOM agregam à Corporação, ainda que possam se prestar ao alcance de objetivos de natureza privada.
Logo, por favor, comecem CERTO, tenham CORAGEM e NÃO FAÇAM o que NÃO DEVE SER FEITO.

4 comentários:

Anônimo disse...

Nos tornamos profissionais respeitados, quando observamos as normas e regras que regem nossa profissão. É preciso ser profissional e não bajulador. A PMERJ ainda pode mudar.Depende de nós.

Excallibur (Ten PM)

Wanderby disse...

É verdade!
Muito mais de nós do que de quem quer que seja.
Como diz a canção: "quem sabe faz a hora, não espera acontecer".
Façamos!

Anônimo disse...

Primeiramente gostaria de parabenizar o senhor pela postura profissional que sempre teve e eu via dia a dia lá na APM, o Sr. Major PM Wanderby sempre preocupado com o bem estar dos alunos! Com relação a matéria "não nos apequenemos" concordo plenamente com o senhor mas infelizmente vejo que na própria academia, berço de formação dos nossos oficiais, professores e palestrantes civis recebem um tal "status de major" recebendo assim a nossa apresentação, prerrogativa única e exclusiva de nós militares, logo me parece que o fazer média é mais importante que o fazer aquilo que se é correto, não vejo como uma questão de educação e sim de perda de nossa própria identidade acabamos até mesmo a contrariar o próprio regulamento de continência e assim estamos aprendendo o errado e cultivando isso que futuramente acaba por refletir nessa submissão política que hoje vivemos e o mais grave é que encontro grande dificuldade em romper com esse tipo de pensamento, quando questiono algumas posturas desse tipo com os amigos de caserna...assim vejo que a nossa valorização infelizmente se perde começando por alguns de nossos próprios companheiros que por incompetência ou descaso não se preocupam em mudar tal posicionamento e aquele que fala acaba por ser o "chato" da situação ...inversão de valores !!!

AL OF PM Azevedo 3º ano do CFO

Wanderby disse...

Infelizmente, creio que esteja absolutamente certo em sua abordagem acerca do condicionamento acadêmico imposto desde tão tenros momentos da vida castrense.
Embora não creia que tenha como finalidade gerar em seus destinatários ethos bajulador e subserviente, não posso olvidar o fato de que colabora, sobremaneira, para tal, já que reforça conceitos equivocados e mesmo contrários às disposições regulamentares, podendo se apresentar verdadeiramente incoerente; e nos bancos escolares NÃO PODE HAVER INCOERÊNCIAS, salvo se desejemos que sejam perpetradas também no futuro.
Todavia, a simples leitura do que escreveu parece demonstrar que tal objetivo (ainda que subliminar - ou não) está ameaçado, o que é muito bom.
A propósito, alguma vez lhe foi dito em qual dispositivo está escrito o tal "status de Major"? Ou mesmo o que significa ter "status de Major"?
NÃO SE CANSE DE SER CHATO!
SEJAMOS TODOS CHATOS E CONSTRUIREMOS UMA REALIDADE MELHOR!