30/06/2008

Sérgio Cabral tem razão!

Na noite de hoje, ouvi declarações de Sérgio Cabral, governador do RJ, acerca do recente e lamentável episódio que culminou no homicídio do estudante Daniel Duque, em Ipanema.
Em sua falação, além de informar haver reduzido "barbaramente" o número de policiais militares à disposição de outros órgãos, Sérgio Cabral aludiu não ser a primeira vez em que episódio de tal natureza se verificava e que o policial militar apontado pela prática do delito não estaria preparado para o exercício da função da qual estava incumbido.
Redução de efetivo à disposição à parte, acredito que Sérgio Cabral tem absoluta razão quanto à falta de preparo do policial militar em questão. Afinal, não parece que a prestação de segurança privada a filho de membro do Ministério Público seja algo inserto no perfil profissiográfico dos integrantes da Polícia Militar e nem mesmo no rol de atribuições constitucionalmente vinculadas à Instituição.
Não creio que haja matéria específica nos cursos de formação da Polícia Militar voltada, por exemplo, a locais e condutas a serem evitados por filhos de titulares de "proteção policial militar", sejam seus pais promotores, deputados, prefeitos, vereadores, desembargadores ou mesmo governadores.
O governador tem razão!
Na esteira também da liberdade de expressão, aproveito o ensejo para expressar que acredito que pelo que vem (e pelo que não vem) demonstrando, Sérgio Cabral Filho não está preparado para o governo do RJ.
A propósito, não tenho recordação de declarações de Sérgio Cabral Filho ou mesmo de José Mariano Benincá Beltrame acerca de outro lamentável e recente episódio ocorrido no RJ. Falo de mais uma criança alvo de "bala perdida" durante a execução da "política" de segurança pública vigente no estado. Falo do homicídio de Ramón Fernandes Dominguez, de seis anos de idade; da manhã de sábado e da Favela do Muquiço.

"Ou mudamos, ou seremos mudados"

29/06/2008

"Sonhos" (Roberto Shinyashiki)

"Espero que nunca deixemos de sonhar!
O sucesso é construído à noite! Durante o dia você faz o que todos fazem.
Não conheço ninguém que conseguiu realizar seu sonho, sem sacrificar feriados e domingos pelo menos uma centena de vezes. Da mesma forma, se você quiser construir uma relação amiga com seus filhos, terá que se dedicar a isso, superar o cansaço, arrumar tempo para ficar com eles, deixar de lado o orgulho e o comodismo. Se quiser um casamento gratificante, terá que investir tempo, energia e sentimentos nesse objetivo. Durante o dia você faz o que todos fazem. Mas, para obter um resultado diferente da maioria, você tem que ser especial. Se fizer igual a todo mundo, obterá os mesmos resultados. Não se compare à maioria, pois infelizmente ela não é modelo de sucesso.
Se você quiser atingir uma meta especial, terá que estudar no horário em que os outros estão tomando chope com batatas fritas. Terá de planejar, enquanto os outros permanecem à frente da televisão. Terá de trabalhar enquanto os outros tomam sol à beira da piscina. A realização de um sonho depende de dedicação. Há muita gente que espera que o sonho se realize por mágica. Mas toda mágica é ilusão. A ilusão não tira ninguém de onde está. A ilusão é o combustível de perdedores.
'Quem quer fazer alguma coisa, encontra um meio. Quem não quer fazer nada, encontra uma desculpa.'”.

Legado Beltrame - O Méier é uma vergonha!

Sendo mais preciso, Méier e adjacências. Guardando-se as devidas proporções (ou não), trazem à mente a Chicago dos anos 30.
Kombis e vans ilegais operam livremente e nos mais variados horários, mesmo durante a noite e madrugada; o som de suas atividades ilícitas, propalado através de ruidosos dispositivos mecânicos ou de gritos de seus "funcionários" - "Dias da Cruz, Méier" - é algo absolutamente comum.
Perturbação do sossego e da tranqüilidade? Não bastasse o alarido das Kombis, festas com a utilização de som em volume estapafúrdio (funk, pagode, etc) representam algo absolutamente usual (os moradores da R. Dois de Fevereiro, dentre outros tantos, que o digam).
O jogo do bicho "afronta" com sua ostensividade ao longo das esquinas da R. Dias da Cruz, da Adolfo Bergamini e de tantas outras da região, com suas placas publicitárias, como que a dizer: "tá dominado".
O trânsito é absolutamente desordenado. Motociclistas trafegando sem placa e/ou sem capacete não representam nada incomum. Mesmo as noções de mão e contra-mão de direção já estão deturpadas e até o passeio público (calçada) passou a ser não apenas local de estacionamento e parada, mas de tráfego de veículos.
Caça-níqueis? É preciso dizer alguma coisa?
Ao menos uma questão fica disso tudo.
Uma vez que não parece restar dúvida alguma sobre quem perde com tal estado de coisas (a população), resta saber:
QUEM GANHA?

Viajante cinco estrelas

"Estilo" de governo?

Insólita mistura de Laissez faire e autocracia!

28/06/2008

Enquanto o delegado Beltrame, seguindo o exemplo de Sérgio Cabral, dá uma volta, com dinheiro público, em Israel...

Legado Beltrame

Legado Beltrame - Mais uma lei a ser desmoralizada

Mais uma "vitória" do "governo" Sérgio Cabral (PMDB)

Que lei é essa? Lembram-se da isenção de taxas para militares estaduais e outros?
Quem representou por sua inconstitucionalidade? O Procurador-Geral de Sérgio Cabral.

27/06/2008

26/06/2008

Que papelão delegado (deputado) João Campos!

"Ontem dia 25 de junho de 2008, o PL 4209/01 entrou na pauta da Câmara dos Deputados por acordo de líderes. Ocorre que durante a discussão o Deputado Biscaia (o qual já havia sido anteriormente alertado pelas Policiais Militares sobre o seu texto e que seria necessário mudanças no mesmo pois não atendia os interesses da sociedade brasileira) e Miro Teixeira disseram que não havia acordo de quase nada sobre esse projeto. Então o presidente da Câmara dos Deputados retirou o PL da pauta e chamou a atenção do Deputado João Campos (Delegado de Polícia) por ele ter dito, na reunião de líderes, que havia consenso quanto a matéria. Mencionou também, o presidente, que já é a terceira vez que isso ocorre e que agora ele não irá mais pautar o PL 4209/01 e que prestará mais atenção quando houver um projeto desse grupo de trabalho na pauta. O referido Projeto de Lei é aquele que trata da alteração do CPP – Código de Processo Penal e pretende, no seu texto, colocar as Polícias Judiciárias (Polícias Civis e Polícia Federal) como os únicos a realizarem o Termo Circunstanciado, retirando tal atribuição dos policiais militares. Veja Transcrição da discussão (notas taquigráficas) na Câmara dos Deputados na ocasião:
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - A lista de presença registra o comparecimento de 258 Senhoras Deputadas e Senhores Deputados.
O SR. MIRO TEIXERA - Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Questão de ordem, Deputado Miro Teixeira.
O SR. MIRO TEIXEIRA (Bloco/PDT-RJ. Questão de ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, V.Exa. disse que, se houve acordo, não há muito o que se discutir. O acordo é quanto aos procedimentos. Vamos votar esta matéria.
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Não, o acordo é de mérito.
O SR. MIRO TEIXEIRA - Eu, por exemplo, vou encaminhar destaque de uma inconstitucionalidade flagrante que há no § 1º, do art. 20, do Projeto de Lei nº 4.209-A, que estabelece o seguinte:
Art. 20..............................................................................................
1º Durante a investigação, a autoridade policial, o Ministério Público e o juiz tomarão as providências necessárias à preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem do investigado, do indiciado, do ofendido e das testemunhas, vedada a sua exposição aos meios de comunicação".Trata-se de uma norma de censura. Não pode haver acordo quanto a isso.
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Deputado Miro Teixeira, quando chegar a hora, resolveremos a questão. Agradeço o alerta. Só estou informando que foi feito um acordo. Começarei pelas matérias supostamente mais simples.
O SR. ANTONIO CARLOS BISCAIA (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, não há consenso quanto a este projeto.
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Deputado Antonio Carlos Biscaia, já dei o encaminhamento. No momento oportuno resolveremos a questão.
Item 3 da Pauta.
O Deputado José Genoíno havia feito menção...
O SR. ANTONIO CARLOS BISCAIA - Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Deputado Biscaia.
O SR. ANTONIO CARLOS BISCAIA (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero fazer também uma ponderação nessa mesma linha. Já falei com o Deputado Genoíno e conversei com o Deputado João Campos. Este é um tema que também precisa de um pequeno ajuste, ainda, porque envolve investigação penal. Então, é conveniente que fique para uma outra oportunidade.
Quero registrar o seguinte: com todo o respeito ao Deputado Miro Teixeira...
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Por favor, não mencione, porque vamos, agora...
O SR. MIRO TEIXEIRA (Bloco/PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Mencionou já.
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Claro!
O SR. MIRO TEIXEIRA - Já mencionou!
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Aonde exatamente nós quereremos chegar com esta sessão? Ela é para debater o papel do Plenário, do Grupo de Trabalho, ou para votar a matéria sobre a qual houve consenso?
O SR. MIRO TEIXEIRA - Ou é para criar uma Gestapo contra os cidadãos?
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Claro! Então, peço ao Deputado Biscaia que não mencione, por favor.
O SR. ANTONIO CARLOS BISCAIA - Eu não mencionei. Nem cheguei a mencionar.
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Mencionou, mencionou.
O SR. MIRO TEIXEIRA - Eu estou até agradecido.
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Por favor, Deputado Biscaia, veja: V.Exa. deu a sua opinião. V.Exa. pondera para que o projeto não entre na pauta.
O SR. ANTONIO CARLOS BISCAIA - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Isso.
O SR. ANTONIO CARLOS BISCAIA - Exatamente.
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Eu quero dizer, então, que nunca mais eu vou pautar matéria desse Grupo de Trabalho, até porque não é a primeira vez que nós chegamos a plenário dessa forma, insuficiente.
Alerto aos Líderes e ao Grupo de Trabalho: não virá mais, a não ser que haja de fato um consenso e que me convençam disso!
O SR. MIRO TEIXEIRA - Questão de ordem!
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Pois não.
O SR. MIRO TEIXEIRA (Bloco/PDT-RJ. Questão de ordem. Sem revisão do orador.) - Eu acho que a matéria deve vir com prazo de discussão, de encaminhamento...
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Não, mas veja...
O SR. MIRO TEIXEIRA - Com anúncio prévio.
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Não! Eu não aceito...
O SR. MIRO TEIXEIRA - Aí nós podemos ser derrotados ou não.
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Não é isso, Deputado Miro! Tudo vai ter prazo! O problema é outro! O problema é que é informado na reunião de Líderes que há acordo, e depois não há acordo.
O SR. MIRO TEIXEIRA - Mais do que isso.
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Então, quebra-se a relação de confiança.
O SR. MIRO TEIXEIRA - Mais do que isso: informam a V.Exa. que essa é uma obra perfeita, porque vem de um grupo de trabalho. Eu compreendo o que V.Exa. está fazendo.
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Foi isso que ocorreu também com projetos referentes à CPI da Exploração Sexual. Então, não é a primeira vez que isso ocorre; é a terceira ou quarta vez que matérias com este conteúdo chegam aqui e sobre elas não há consenso. Então, é preciso tomar todo cuidado.Vamos em frente naquilo que eventualmente der.
O SR. MIRO TEIXEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra para nova questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Pois não, tem V.Exa. a palavra.
O SR. MIRO TEIXEIRA (Bloco/PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - V.Exa. preside as sessões da Casa. Repare V.Exa. que, aqui no plenário, quando debatemos com V.Exa. presidindo, suspende-se às vezes a sessão, discute-se um acordo, encontra-se um texto e nós encontramos, no debate, as soluções.
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - É verdade.
O SR. MIRO TEIXEIRA - Não há um problema desse tipo sob a presidência de V.Exa. neste plenário, não há um!
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - É verdade. Agradeço, inclusive, a lembrança. Deputado João Campos, vou seguir, até porque já há um questionamento ao Item III. Como já abrimos a exceção, então vou retirá-lo.
O SR. JOÃO CAMPOS - Sr. Presidente, peço só um minuto, por favor, até pela deferência que V.Exa. dispensou a mim, ao designar-me para a coordenadoria desse grupo.
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Pois não.
O SR. JOÃO CAMPOS (PSDB-GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Primeiro, o PDT tinha representante — aliás, tem representante. O Deputado Vieira da Cunha participou de tudo. Havia acordo, sim!
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Mas quem levantou foi o PT agora.
O SR. JOÃO CAMPOS - Permita-me, Sr. Presidente. O Deputado Antonio Carlos Biscaia não estava na Casa. Somente agora S.Exa. chegou. Estava na condição de suplente, então não participou do trabalho nem do acordo. A situação é diferente.
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Deputado João Campos, o Deputado José Genoíno, que foi representando a bancada do PT, antes do Deputado Antonio Carlos Biscaia, veio ao microfone dizer que havia problema. O Deputado José Genoíno estava na reunião, em nome da bancada. Portanto, vou deixar claro: não podemos usar dois pesos e duas medidas. V.Exa. acabou de ponderar que se retire um. V.Exa. tem que acatar quando outrem pondera que outro item seja retirado.
O SR. JOÃO CAMPOS - Quero concordar, mas quero apenas fazer esse esclarecimento. V.Exa. disse: Não aceito mais! Não é assim, não é assim.
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Mas isso é verdade. No caso, a decisão é minha, a decisão é minha.
O SR. JOÃO CAMPOS - Eu sei, mas cabia o esclarecimento.
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Tenho razão, a decisão é minha. V.Exa. sabe por quê? Não é a primeira vez que isso acontece. E como a matéria é, de fato, complexa, quero dizer: o Deputado Flávio Dino, que muito contribuiu com o Plenário, com a Casa e com a Presidência, na sessão pretérita ou em outra delas, quanto àquilo que trouxemos como consenso, disse para mim: Presidente, aqui não há consenso em quase nada! Como pela terceira vez isso acontece, preciso ter cautela.
O Item III está retirado de pauta
." (fonte: feneme).

25/06/2008

Turbinando...

A propósito de notícias (quero crer, infundadas) dando conta de que gratificações estariam na iminência de ser substancialmente reajustadas, lembro-me de determinada noite do ano próximo passado, em meio à mobilização salarial de integrantes da PMERJ/CBMERJ, em que foi mencionada a possibilidade de que as gratificações de comando fossem "turbinadas", a exemplo do que já estaria ocorrendo em outras instituições do RJ.
Lembro-me da menção ao fato de que tal possibilidade teria sido mesmo sinalizada pela área econônica (em meio às negociações salariais e à mobilização de oficiais e praças).
E lembro-me também de que o então Comandante Geral disse que não aceitara, nem tampouco aceitaria tal incremento, ao menos enquanto a tropa não fosse aquinhoada com satisfatório reajuste salarial.
Lembro-me de que a palavra "MORAL" foi utilizada por tal autoridade para justificar seu ato.

Mais um excelente texto de Gustavo de Almeida

"Uma história do Rio de Janeiro
Por Gustavo de Almeida
A história já tem quase dois anos. É antiga, aconteceu em 3 de novembro de 2006. Mas na época, pouco se falou ou divulgou.
Aconteceu em Ipanema. Na Rua Vinícius de Moraes, de madrugada. Dona Célia Macedo estava em seu apartamento de quatro quartos, bem perto da praia, quando seu marido João Rodrigues, de 77 anos, começou a passar mal. Por sorte (ou azar, como se verá mais à frente), as duas filhas de dona Célia estavam em casa, tinham chegado de uma viagem a Miami. O filho mais velho, Bruno Ribeiro, também estava em casa. Os três filhos começaram a socorrer o pai, colocaram-no em uma cadeira de rodas e começaram a descer com o pai. Bruno não dirigia carro, o único que tinha carteira era o pai, João, portanto eles teriam de arrumar um táxi para todos irem à Clínica São Vicente, na Gávea.
Bruno teve a idéia de pegar uma moto e ir até a Praça Nossa Senhora da Paz para tentar arrumar um táxi. Ele usava a moto para ir à Prainha surfar. De repente, Bruno encontrou seu amigo David Chagas, que voltava de uma festa, passando em frente, na rua. Pediu ajuda a ele.Os dois saíram juntos da Vinícius de Moraes e foram até a praça e começaram a sinalizar por um táxi.Um motorista parou, ouviu o relato e concordou em buscar o pai de Bruno. David entrou no táxi e Bruno foi colocar cadeado na moto em um poste na praça, já que achava melhor ir com o pai até a Clínica dentro do táxi mesmo.
Um policial, no entanto, abordou Bruno neste momento, apontando-lhe um fuzil. O susto fez com que o policial desse cinco tiros no peito e no pescoço do jovem, matando-o instantaneamente. Seu corpo tombou ali mesmo, na Nossa Senhora da Paz.
Dentro do táxi, David viu outro policial chegar e se dirigir ao corpo baleado. A dupla viu o táxi e imediatamente mandaram David sair do carro e se jogar ao chão. O taxista, apavorado, explicou que não era nada de irregular, que os dois jovens de classe média alta estava querendo socorrer o pai de um deles que passava mal. David tremia da cabeça aos pés. Provavelmente a iniciativa do taxista salvara sua vida.
Os policiais colocaram o corpo de Bruno dentro da viatura e, com David ao lado, seguiram para a Clínica São Vicente.
Enquanto essa ação acontecia, dona Célia e as filhas já tinham conseguido, pelo telefone, um outro táxi para irem à mesma clínica. Mas Seu João, ao chegar lá, não resistiu e faleceu. O filho, Bruno, lá chegou morto.
Enquanto Seu João morria, dona Célia e as filhas nem faziam idéia de que Bruno estava dando entrada no mesmo hospital já morto, com vários tiros de fuzil no corpo.
Pai e filho morreram quase ao mesmo tempo. Sem que um pudesse chorar pelo outro.
Sim, a história é metade ficção, metade realidade. As mortes e as lágrimas aconteceram mesmo. Mas não foi em Ipanema, na Praça Nossa Senhora da Paz, e sim na Favela do Jacarezinho, na Rua Viúva Cláudio. E a família não morava na Rua Vinícius de Moraes, e sim na Rua João Alberto.
Bruno não usava a moto para ir à Prainha surfar, e sim para entregar pizza.A emergência não era a da Clínica São Vicente, e sim a do Hospital Salgado Filho.
Você suspirou de alívio? Se sim, é porque estamos sem soluções. Nossa 'solução' é a polícia pessimamente paga, colocada dentro de uma favela em que o risco é total, de todos os lados. Nossa 'solução' é o apartheid social, é o extermínio pura e simples. Se este adiantasse, talvez eu até apoiasse. Mas se mata, mata, mata inocentes e nós, daqui da Rua Vinícius de Moraes, continuamos morrendo, vítimas dos traficantes e assaltantes alucinados.
No meio do confronto, da guerra insana, famílias ricas e pobres. Nos chocamos mais quando as ricas morrem, claro. Mas faz parte da nossa visão de classe média. É exatamente a mesma visão que acha normal policial ganhar 900 reais para morrer, é exatamente a mesma visão que considera que a favela é local de matança, é a mesma visão que considera o marginal de fuzil um 'excluído' que tem de ser recuperado.
Trata-se da visão ideológica e seletiva que o debate de Segurança Pública no nosso país adotou. Os lados conflitantes procuram estabelecer os pontos de vista com receitas mágicas.
A verdade respira com ajuda de aparelhos - mas se chegarmos perto, ela tem a cara do Estado. O Estado forte, consolidado, com presença em todos os territórios, na forma de agentes bem-pagos e formados com excelência. Um Estado que extirpa a própria corrupção, para que o dinheiro público seja aplicado no que a população precisa: policiais, professores e médicos de primeiro mundo.Um Estado que zele pela vida.
Esta verdade não tem e nem quer ter dono. Esta verdade quer apenas ser vista.Sem que seja preciso que ela esteja em Ipanema ou no Jacarezinho.
Gustavo de Almeida
Jornalista

Legado Beltrame - Quem?


22/06/2008

19/06/2008

16/06/2008

Caro Salma, rendo graças ao Grande Arquiteto por haver sido um dentre outros tantos soldados nesse front!

"Junho de 2008!

Essa é uma data pelo qual muito me orgulho. Ha um ano atrás se reuniam, quase de que forma clandestina nos subúrbios do Rio de Janeiro, jovens oficiais, e outros nem tão jovens assim, com o objetivo de mostrar a sociedade a forma cruel com que nossos governantes estavam e estão tratando sua tropa.
A força que os impulsionava a enfrentar o Estado era o sentimento de dever, de dever proteger o cidadão, de dever proteger o subordinado, dever de exigir direitos, dever de cobrar promessas de campanhas, dever de cobrar de um governo que paga O PIOR SALARIO DO BRASIL condições dignas de trabalho. Essa seria uma luta política, política sim! Pois não pensávamos em greve, não pensávamos em nada que pudesse prejudicar ainda mais o cidadão.Fomos as ruas, demos nosso recado, sinto orgulho disso, e o farei quantas vezes for preciso, para que o estado respeite o Bombeiro Militar e se necessário for, expurgar o PMDB do comando do Estado do Rio de Janeiro. Comando este que se instalou a quase dez anos, e não tem escrúpulos em mentir e proteger criminosos com o discurso de que: está tudo dentro da legalidade, e se esquecem da moralidade. Comando este que tem usado da máquina administrativa para desarticular os movimentos reivindicatórios que organizavam atos públicos, pacíficos, disciplinados, ordeiros, sem trazer nenhum prejuízo a população. Mas um governo que não mede esforços para se manter no poder, se locupletar cada vez mais das vantagens, financeiras ou não, que a administração pública proporciona, também não teria o discernimento do que é ilegal e imoral, no uso da máquina pública para se perpetuar no poder, tentando desmobilizar esses homens que ousaram bradar contra as injustiças e as mentiras do Governo Estadual.
Mas isto de nada adiantou, pois dos militares que participavam organizando os atos públicos, temos a seguinte estatística:
Memorandos/DRD 05
Movimentações e 'geográficas' 15
Exonerados 12
E NENHUM PRESO!!! ZERO
E todos ainda estão bradando contra o PIOR SALÁRIO DO BRASIL. Foi um engano, achar que iríamos nos calar!
E em breve veremos um grande Ato Público.
A um ano 'Juntos, Somos Fortes!'” (texto extraído do Blog CBMERJ Alerta).
.
E tento imaginar o quão difícil deve ser para alguns a tarefa de encarar sua própria face no espelho.
Afinal, como dizia um Comandante: "você pode enganar a todos, menos a si próprio".

MAIS UMA PERGUNTA SIMPLES, DE UM SIMPLES CIDADÃO FLUMINENSE

Secretário e delegado José Mariano Benincá Beltrame

15/06/2008

14/06/2008

Legado Beltrame - Observem as mais recentes ações da "tropa de elite" do que deveria ser a polícia investigativa civil do governo Sérgio Cabral (PMDB)


Qual é a explicação para as ações (e omissões) do delegado de polícia federal José Mariano Benincá Beltrame?

Deve haver algo além da notória incompetência e da defesa intransigente de interesses classistas de seus colegas delegados.

Será que o RJ levará tanto tempo quanto os EUA para perceber a sandice na qual foi imerso por quem (ou pelo quê) o está governando?

Tivéssemos uma Assembléia Legislativa séria e o AFASTAMENTO de SÉRGIO CABRAL (PMDB) do governo do RJ já estaria sendo ao menos cogitado.

13/06/2008

Mar alto

"'E, quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar.' - (Lucas, cap. 5, v. 4.)
Este versículo nos leva a meditar nos companheiros de luta que se sentem abandonados na experiência humana.
- Inquietante sensação de soledade lhes corta o coração.
- Choram de saudade, de dor, renovando as amarguras próprias.
- Acreditam que o destino lhes reservou a taça da infinita amargura.
- Rememoram, compungidos, os dias da infância, da juventude, das esperanças crestadas nos conflitos do mundo.
- No íntimo, experimentam, a cada instante, o vago tropel das reminiscências que lhes dilatam as impressões de vazio.
Entretanto, essas horas amargas pertencem a todas as criaturas mortais...Se alguém as não viveu em determinada região do caminho, espere a sua oportunidade, porquanto, de modo geral, quase todo Espírito se retira da carne, quando os frios sinais de inverno se multiplicam em torno.
Em surgindo, pois, a tua época de dificuldade, convence-te de que chegaram para tua alma os dias de serviço em “mar alto”, o tempo de procurar os valores justos, sem o incentivo de certas ilusões da experiência material. Se te encontras sozinho, se te sentes ao abandono, lembra-te de que, além do túmulo, há companheiros que te assistem e esperam carinhosamente.
O Pai nunca deixa os filhos desamparados; assim, se te vês presentemente sem laços domésticos, sem amigos certos na paisagem transitória do Planeta, é que Jesus te enviou a pleno mar da experiência, a fim de provares tuas conquistas em supremas lições
."EMMANUEL (Do livro Pão Nosso, 21, FCXavier, FEB)

12/06/2008

Só para lembrar… É agora, na sexta-feira, ok?


PEC 549 - A PEC DOS DELEGADOS (SÓ DELES)

"12 de Junho de 2008
MAIOR MOBILIZAÇÃO DE OFICIAIS JÁ OCORRIDA NA CÂMARA DOS DEPUTADOS EM BRASÍLIA-DF ATÉ HOJE
Mais uma vez, nos dias 10 e 11 de junho (terça-feira e quarta-feira), houve grande mobilização de Oficiais (e várias Praças) das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares do Brasil (presença de 22 Estados mais o Distrito Federal), tendo em vista a PEC 549/06 que está na pauta para votação pela da Câmara dos Deputados, a qual, como está, não atende as expectativas das instituições militares estaduais.
Desta vez todos fardados ocuparam organizadamente, e sob orientação da FENEME – Federação Nacional de Entidades de Oficiais Militares Estaduais, CNCG – Conselho Nacional de Comandantes-Gerais e assessorias parlamentares da PM e do CBM, vários espaços da Câmara dos Deputados, realizando, como já vem ocorrendo nas últimas semanas, um 'corpo a corpo' com os parlamentares, em especial as lideranças da Casa.
Além de vários Comandantes-Gerais, Subcomandantes-Geras, Chefes de Estado Maior, e assessores parlamentares de várias Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, destacou-se a presença de entidades de Oficiais, principalmente as filiadas a FENEME, dentre elas: AOPM – BA (Maj Correia), ASOFBM - RS (Cel RR Cairo e comitiva), ACORS - SC (Cel Marlon e comitiva), AORPM – SP (Cel RR Cruz), ASSOFPM – MS (Cel Azamor e comitiva), AOCBM– MS (Maj Marcelo e comitiva), ASSOF – MT (Maj Rondon e comitiva), ASOFPM – DF (Maj Lima Filho e comitiva), ASSOFBM – DF (Cel RR Edmilson e comitiva), ASSOMAL – AL (Maj Fragoso) COAC – AC (Cel Anastácio), bem como entidades ainda não filiadas.
Da mobilização de mais de 300 Oficiais resultou esclarecimentos aos parlamentares, fazendo o contraponto necessário à argumentação, até então, dos Delegados de Polícia. Nas próximas semanas um grupo de Oficias continuará na Câmara dos Deputados realizando contatos e acompanhando os acontecimentos, com o objetivo impedir que a PEC 549/06 seja pautada sem que haja um consenso sobre a matéria.
O presidente da FENEME, Coronel PMSC Marlon Jorge Teza, na ocasião manifestou-se dizendo: 'Foi uma grande e ordeira mobilização dos Oficiais e, com certeza, ficou demonstrado que não há como aprovar uma emenda constitucional sem haver um amplo debate e o conseqüente consenso.' E Finalizou: 'Nós não aceitaremos que façam isso com os Oficiais e as valorosas instituições militares estaduais.'
AOPMBA
12/06/2008 - Salvador - BA

11/06/2008

UMA PERGUNTA SIMPLES, DE UM SIMPLES CIDADÃO FLUMINENSE

Secretário e delegado José Mariano Benincá Beltrame
Em meio a tudo o que já ocorreu, foi e ainda é amplamente noticiado pela mídia e pela própria Polícia Federal (além, é claro, do previsto no art 58 do Dec. Lei n.º 3688/41), por que o JOGO DO BICHO continua IMPUNE no RJ?
Wanderby Braga de Medeiros

Legado Beltrame - Estado engraçado esse tal de Rio de Janeiro!

Em que o dirigente de uma instituição apenas é exonerado sob o pretexto de não haver impedido manifestações democráticas buscando condições dignas de trabalho e remuneração, e em que nada acontece a outro, mesmo diante de sucessivas demonstrações de incompetência no exercício do cargo que ocupa:
.
Enquanto isso, no outro Rio, o Grande do Sul...
A propósito do RJ e lembrando das notícias relacionadas à CPI das milícias, quando teremos a CPI do jogo do bicho?

MOVIMENTO SALARIAL UNIFICADO

"Educação, Saúde e Segurança criam Comissão Unificada do Servidor Público (Cusp).
Fazenda e Justiça também aderiram ao movimento.
CUSP reivindica 66% de reposição salarial para todas as categorias.Mais de 20 associações e sindicatos participam da Comissão Unificada do Servidor Público (CUSP). O objetivo da campanha unificada é cobrar do governador Sérgio Cabral o cumprimento de suas promessas de campanha de reajuste salarial e valorização das diversas categorias do funcionalismo público do Estado. Principais reivindicações:
- 66% de reposição salarial para todas as categorias;
- data-base em 1º de maio;
- plano de carreira;
- contra criação de fundações; e
- incorporação das gratificações.
A hora é essa. Policial, bombeiro, ativos ou inativos, e pensionistas, participem!
A Assembléia Geral acontecerá no próximo dia 13 de junho, às 10h, no Clube Municipal (Rua Haddock Lobo, 359, Tijuca – tel 2264.4968)
A manifestação pública será no dia 19 de junho, definido como o Dia Estadual de Luta do Funcionalismo Estadual. Nesse dia, as diversas categorias farão um ato de protesto em frente à Alerj, durante a realização de uma audiência pública no legislativo para tratar da crise do Iaserj. Nesse dia, a rede estadual de educação fará uma paralisação de 24 horas.
Comissão provisória - Também foi escolhida uma comissão provisória de 15 representantes do movimento, que coordenarão a mobilização e organização das atividades dos servidores. A comissão será referendada durante a Assembléia Geral, no dia 13 de junho. Foi firmado um pacto de fidelidade entre entidades de todos os setores para que se comprometam a não realizar negociações em separado com o governo do estado. A ASSINAP está participando do movimento junto com outras associações representativas de militares estaduais e o presidente Miguel Cordeiro foi escolhido para ser um dos membros da comissão de segurança. Para o presidente Miguel Cordeiro, 'o governador demonstrou que não têm consideração pela população ao desprezar os setores mais sensíveis e críticos do estado'.
'Negociar em separado não trouxe bons resultados para ninguém. Diante dos fatos, não temos mais nada a perder', avalia Francisco Chao, do Sindicato de Policiais Civis. Entidades participantes até o momento - SINPOL, ASSINAP, APEFAETEC, SEPE, SIMERJ, SIMERJ, SESDEC, SATEMRJ, PELA SAÚDE/UERJ, AFIASERJ, SINDPSI/RJ, SINDESPI, SERMED, SIND-JUSTIÇA, IASERJ, AME-RJ, SAÚDE-RJ, ACSCBMERJ, PPPS/UERJ, SINDPOL, ASPRA, SINDENFRJ, SINTUPERJ, ASDUERJ, ASDUENF, SINMED, SINDUSPREV, ANDES - RJ, CCS e CONLUTAS (UERJ). Os sindicatos dos fazendários e da justiça também aderiram ao movimento: SINFAZERJ e SINDJUSTIÇA." (Miguel Cordeiro).

08/06/2008

A qualificação necessária para lavratura do Termo Circunstanciado

Marcello Martinez Hipólito (*)
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"Com a entrada em vigor da Lei 9.099/95 algumas Polícias Militares, dentre elas as do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e São Paulo, mais recentemente Alagoas, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Goiás, começaram a lavrar o Termo Circunstanciado no local dos fatos e pelo policial militar que atendesse ao chamado da população, seja ele Oficial, Sargento, Cabo ou Soldado, isto com fundamento no artigo 69 da Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais.
Não foram poucas as vozes que se insurgiram contra a nova dinâmica de trabalho adotada pelos citados Estados em suas Polícias Militares, que impuseram ao seu trabalho agilidade, economia, eficiência e eficácia na prestação jurisdicional ante as infrações penais de menos potencial ofensivo.
Dentre os vários argumentos suscitados, em sua maioria por Delegados de Polícia, vou me restringir a apenas um neste pequeno ensaio, que é o argumento de que a lavratura do Termo Circunstanciado, que implica na qualificação jurídica de um fato abstratamente configurado como crime ou contravenção, é tarefa que exige a presença de um profissional com formação jurídica, qual seja, o Delegado de Polícia.
Necessário antes esclarecer que se desconhece polícia no mundo que para o exercício da polícia judiciária seja necessário o bacharelado em Direito, talvez por isso é que a Constituição Federal não exija o curso de direito para Delegados de Polícia, tal como o faz para os Magistrados, art. 93, I, e membros do Ministério Público, art. 129, § 3º.
Também não há no ordenamento jurídico nacional lei que discipline quais são os chamados atos de polícia judiciária ou mesmo quando deve se encerrar a atuação da polícia ostensiva, devendo esta encaminhar os fatos e as pessoas para aquela, ou mesmo se é necessário tal procedimento.
Para alguns juristas na competência constitucional das Polícias Militares para a preservação da ordem pública, art. 144, § 5º, da CF, estariam incluídos todos os procedimentos necessários para a restauração da ordem pública no caso de sua quebra, tais como a prisão em flagrante e sua lavratura, representação para a prisão preventiva, pedido de busca e apreensão, interceptação telefônica, etc., tal como ocorre em todas as polícias no mundo, no denominado 'ciclo completo de polícia'.
Ocorre que para a prisão de alguém que esteja em flagrante delito o art. 301 do Código de Processual Penal faculta a 'qualquer do povo' a realização do ato, sem que para isso exija o bacharelado em direito. A disposição de facultar a qualquer do povo a execução da prisão em flagrante não tem sido questionada pela doutrina ou jurisprudência.
Para exercer a faculdade do art. 301 do CPP o 'qualquer do povo' deverá fazer um cotejo preliminar entre a conduta verificada e a norma abstratamente prevista nas Leis Penais, sem a qual sua ação será abusiva e passível de sanção penal, seja ele agente público ou não.
Já essa mesma capacidade de avaliação é exigida do policial militar que é chamado para atender a uma infração penal de menor potencial ofensivo e lavra o Termo Circunstanciado, após o compromisso do autor do fato de comparecer ao Juizado Especial Criminal, porém, mais qualificada, em razão de curso de formação que fez quando do ingresso na instituição.
Quando o policial militar lavra o Termo Circunstanciado, contra o autor dos fatos após o compromisso por ele assumido, deixa ele de exercer a faculdade de “qualquer do povo” e sua obrigação de prisão em flagrante prevista no art. 301 do CPP, por expressa disposição do parágrafo único do art. 69 da Lei 9.099/95.
Caso o autor do fato se recuse a assumir o compromisso de comparecer ao Juizado Especial Criminal aí deverá entrar em cena uma autoridade policial mais qualificada, que na prática do direito brasileiro, via de regra, é o Delegado de Polícia, para a formalização da prisão em flagrante de crimes comuns.
Não se admitindo que o policial militar lavre o Termo Circunstanciado no local dos fatos o agente fatalmente será muitas vezes algemado e conduzido coercitivamente até um Delegado de Polícia, naquelas poucas que dispõe de um de plantão, e a verificação posterior do erro quanto à existência da infração penal impõe ao autor do fato um constrangimento de difícil reparação.
Do contrário, caso um policial militar erre na qualificação jurídica do fato tido por infração penal ao elaborar o Termo Circunstanciado – qualificação esta não exigida na Lei – será ele prontamente corrigido pelo Promotor de Justiça quando do recebimento da notícia-crime ou mesmo pelo Magistrado por ocasião da audiência preliminar.
As duas situações aventadas denotam significativas diferenças de atuação policial, sendo muito mais humana, menos constrangedora, mais adequada aos princípios da Lei que impede a prisão em flagrante daquele que sequer será condenado a uma pena privativa de liberdade pelo fato praticado, por sua menor potencialidade.
Aos argumentos até então dissertados soma-se o fato de o artigo 69 utilizar-se do verbo 'lavrar', ação esta afeta ao escrivão, a teor do art. 305 do CPP, que atribui ao escrivão a lavratura do auto de prisão em flagrante.
Assim sendo, qualquer policial militar, ou mesmo policial civil ou federal, pode lavrar o Termo Circunstanciado, pois a lei não qualifica o procedimento como ato de polícia judiciária, não se exige formação jurídica para sua consecução e o ordenamento jurídico conduz a essa hermenêutica diante dos princípios norteadores da Lei 9.099/95, combinado com a própria legislação adjetiva penal
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(*) Capitão da Polícia Militar de Santa Catarina, Especialista em Direito Penal pela Universidade do Sul de Santa Catarina; Professor de Direito Processual Penal na UNISUL e de Criminologia, Direito Penal e Processual Penal no Centro de Ensino da Polícia Militar de Santa Catarina.
Email: marcellomh@hotmail.com

07/06/2008

Legado Beltrame - Salários indignos, "bico", milícia e você: tudo a ver!

"Terça-feira, 6 de Maio de 2008
Ponto de Vista II - A Privatização da Segurança Pública
A PERVERSIDADE DO 'BICO' E A PRIVATIZAÇÃO DA SEGURANÇA
Coronel de Polícia Ronaldo Antonio de Menezes
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As falácias costumam permear a vida pública. Infelizmente, nestas terras tupiniquins, nossos governantes, em sua grande maioria, criaram o hábito de usar discursos cujos conteúdos têm por objetivo mascarar uma deficiência e oferecer, instantaneamente, uma satisfação à população, mesmo que seja um paliativo, ou mesmo um placebo, pois a resposta correta nem sempre é fácil e exige, invariavelmente, esforço sério e contínuo, que somente pode ser despendido por administrações austeras, compromissadas com a causa pública e avessa aos projetos e interesses pessoais.
Veicula-se mais um concurso para ingresso nos quadros da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, como sempre é feito quando fatos perturbadores ou números indicam a falência da segurança pública no nosso Estado.
Pode-se até dizer que esse quadro foi herdado, contudo, ao observarmos com bastante cuidado, veremos que a maneira de conduzir a pasta é a mesma, tanto nessa quanto em outras administrações.
Política de Segurança Pública não pode se sustentar apenas em aumento de efetivo, aquisição de viaturas, armamento e equipamento, já que a realidade vem demonstrando que simplesmente 'botar o bloco na rua' não vem contribuindo para a redução da criminalidade ou o aumento dos delitos solucionados.
Por sua vez, a melhoria do policiamento ostensivo, atribuição da Polícia Militar, decerto não passa pela admissão sem critério, normalmente produzida, pois se fosse esse o caso, ao invés da promoção do inchaço da máquina pública, seria observado o retorno das centenas de policiais militares cedidos aos mais diversos órgãos públicos.
Dados disponibilizados pela Própria Polícia Militar dão conta que cerca de 2.300 (dois mil e trezentos) policiais – militares estão fora das ruas, à disposição, por exemplo, da Secretaria de Governo, de Assistência Social, de Agricultura, de Ciência e Tecnologia, de Habitação, de Meio Ambiente e de Transporte, também circulam pelos gabinetes de Tribunais, do Ministério Público e de muitas Prefeituras, assim como zelam pela segurança dos presídios, fazendo o papel que deveria ser desempenhado por agentes penitenciários.
Então, cabe aqui perguntar: Por que um profissional preparado para preservar a ordem pública e executar a polícia ostensiva está destacado no DETRAN? No DETRO? Na Secretaria de Agricultura? Nas diversas Prefeituras? Em alguns casos explica-se, pois é uma mão de obra barata e auxilia no aumento de arrecadação. Mas a que preço?
O homem retirado das ruas, além de contribuir para a deficiência do policiamento, sobrecarrega aqueles que permaneceram na Instituição, ainda a oferecer sua vida em prol da população fluminense, ao mesmo tempo, tira deles as condições de garantir um serviço satisfatório ao povo, decorrendo daí, talvez, sua remuneração muito abaixo das expectativas e a segunda pior em nível nacional.
A Ordem Pública que é essencial à sociedade, envolve altos custos financeiros, derivados dos gastos com pessoal, equipamento e instalações, procedem então à necessidade de ser observado um emprego coerente e criterioso dos recursos públicos, priorizando as ações e operações policiais, não atividades acessórias ou sem vínculo com as atividades de segurança pública.
A falta de investimento na profissionalização do Policial tem uma ação perversa em desfavor do agente de segurança pública e da sociedade em geral, pois, ao sentir-se desvalorizado, seja financeira, institucional ou moralmente, e descobrir que, executando atividades paralelas, obterá melhor remuneração, o homem perde o vínculo com o público e prioriza o privado.
Por anos a fio ignoramos o que acontecia nos guetos e nas comunidades carentes, a simples percepção desses segmentos incomodava a vista e afligia a alma; para evitar essa realidade a classe mais abastada da sociedade refugiou-se em condomínios cercados por altos muros, providos de cercas elétricas e câmeras de segurança; para certificar-se que não teriam a santa paz de seus lares ameaçada, contrataram pessoas para controlar o acesso às dependências condominiais e afastarem pessoas indesejadas; pensaram eles então que seria interessante que esses homens trabalhassem armados e, em caso de necessidade, tivessem um bom entrosamento com as forças policiais, portanto, nada melhor que contratarem policiais para ali atuarem nas horas de folga, pois se serviriam do Estado e custavam quase nada.
Isso foi bom para ambos os lados, as pessoas tinham seu rico patrimônio protegido e os agentes da lei garantiam um reforço financeiro em seus orçamentos. Logo a classe média e os comerciantes perceberam que também podiam melhorar suas condições de segurança e contrataram vigilantes para circularem pelas ruas, nada mais eram que policiais e bombeiros, com as indefectíveis camisas pretas com a inscrição 'apoio' às costas, a passarem as horas de sua folga em pé, sob uma marquise a respirar o dióxido de carbono expelido pelos veículos que passam incessantemente a sua frente.
A partir de então, mais um ator desse processo viu-se satisfeito, pois, como os agentes possuíam duas fontes de pagamento, a administração pública entendeu que não era mais necessário pensar em uma remuneração condigna ou condições de trabalho, bastava fechar os olhos e institucionalizar oficiosamente o 'bico'.
O filão mostrou-se muito mais generoso do que se podia supor e isso atraiu os olhares de Oficiais e demais Autoridades Policiais, foram sendo montadas as firmas de segurança patrimonial, cujos escritórios funcionavam no interior dos aquartelamentos e delegacias e a mão de obra utilizada era abundante e com disponibilidade imediata. Boates, bares, bingos, comércios e congêneres se viram muito mais interessados em contratar uma segurança feita por policiais, que podiam agir ou se omitir como força pública quando necessário.
O quadro parecia que estava pronto, o 'bico' tornou-se a atividade principal e o serviço público virou uma atividade complementar, cujo principal atrativo era conferir o direito à identidade e arma de fogo. O patrão deixou de ser a população e passou a ser o 'Dono da Segurança', o interesse deixou de ser a coisa pública e passou a ser o privado.
O policial passou a trabalhar completamente extenuado, físico e emocionalmente, uma vez que a jornada dupla consumia-lhe as forças; este homem, armado e com a incumbência de proteger a sociedade, tornou-se uma ameaça em potencial ao partir para as ruas, insatisfeito com o salário baixo e o descaso com que é tratado, portanto, propenso a praticas arbitrárias e acidentes que podem vitimar tanto a si quanto àqueles que devia proteger.
Eis que os menos favorecidos, imprensados entre a necessidade e a violência que geralmente impera nos locais onde residem, passam a receber segurança de grupos armados, coordenados (supostamente) por policiais, que afastam o tráfico de entorpecentes, inibem a pratica de roubos e furtos e tornam as ruas mais tranqüilas, entretanto, tudo tem um preço, e logo o transporte irregular de passageiros e a exploração de sinais clandestinos de TV fechada passa a ser controlado por esses grupos; em seguida, os cidadãos são compelidos a contribuir pela segurança prestada e pessoas da comunidade são recrutadas e armadas. Formaram-se as milícias.
Toda essa prestação de serviço que substitui o papel estatal, seja no atendimento ao topo ou à base da pirâmide social, deixa bem clara a privatização do sistema de segurança pública e uma perigosa inversão de valores; ao passo que o Estado declina de sua competência para utilizar o poder de polícia em prol da população e entrega essa tarefa a grupos paramilitares, permite instalação de um governo paralelo, com regras próprias e invariavelmente totalitárias, que tende a crescer à proporção da omissão governamental e da carência social.
No final, quando esses grupos estiverem enraizados em nosso contexto social e percebermos que deles não nos favorecemos, muito pelo contrário, que na verdade somos reféns de sua atuação e estamos aqui para servi-los com nossa 'contribuição' obrigatória; que nossos protetores são também nossos algozes; que somos aldeões prontos a ceder a primeira noite aos Senhores Feudais, que nossos direitos começam e terminam segundo o interesse de nossos defensores e suas conveniências, talvez aí, somente nesse instante, ouviremos do dirigente público, movido pelo mais profundo senso de dever, se pronunciar e afirmar que está chocado com essa situação e que, apesar de não ser fruto de sua administração, encetará todas as medidas necessárias para devolver o Rio de Janeiro ao povo fluminense e novamente democratizar a segurança pública; que para tal conta com seus aliados, os policiais, os quais, apesar de mal assistidos por anos a fio, saberão resistir às vicissitudes e compreender que o caos decorre de governos anteriores e que, tão logo a situação esteja equilibrada, terão suas mui justas reivindicações observadas com todo o carinho.
Será que já não ouvimos essa ladainha antes?
Dá-me um nariz de palhaço, por favor!" (artigo inserido no Boletim n.º 2, do Movimento Segurança Cidadã).

Rio cidadão! Rio sem Beltrame!


04/06/2008

José Mariano Benincá Beltrame

De onde vem a aparente "imunidade" de um secretário que já deu e ainda vem dando reiteradas demonstrações de incompetência e de nefasta leniência?
O que explica que um agente público cujas bases argumentativas não resistem ao confronto nem mesmo com suas próprias declarações anteriores, fruto das muitas entrevistas concedidas desde que tomou posse, permaneça garantido em seu posto de secretário?
O que faz com que mais um delegado secretário, cujos frutos da gestão, letalidade de policiais, inocentes e de supostos não inocentes, desfiguração da polícia investigativa, prática do jogo do bicho, indignidade salarial, retardo na disponibilização de dados estatísticos e holofotes internacionais à parte (ao menos ao que parece, muito mais significativos do que antes), não se apresentam nem um pouco diferentes dos derivados das ações (e omissões) de seus últimos colegas, pareça estar cada vez mais seguro em sua posição?
O que mantém no cargo alguém que após mais de um ano de gestão, caracterizada pela maior letalidade de todos os tempos, ainda não tem qualquer resultado positivo palpável a apresentar à população?
Quais são as verdadeiras engrenagens que moviam e ainda parecem mover as decisões "políticas" no RJ?
Qual é a explicação?

03/06/2008