08/09/2009

O telefone tocou logo cedo

Era meu tio, irmão de meu saudoso pai, preocupado e quase em prantos:
_Seu irmão está bem?
Seu homônimo - de nome e sobrenome -, o pobre soldado de polícia Wanderson Medeiros,  passou a integrar o crescente rol de vítimas fatais da criminalidade e da lastimável gestão governamental que se abatem sobre o RJ.
Não foi ele. Que alívio! Alívio para nós outros, mas há certamente mais uma família a chorar a abrupta  e injustificável perda de um ente querido.
Alívio para nós outros? Ledo engano, pois não há como se pensar em alívio  algum quando se é policial no RJ; ou melhor, quando se é (quase) qualquer coisa no RJ. Embora sejam os policiais talvez vítimas mais aparentes, são apenas potencialmente mais visados em meio a tantos outros cidadãos (policiais são também cidadãos) inseguros e indefesos.
É triste, mas não há nem mesmo o alento de se poder dizer que as coisas estão melhorando.
Façam um exercício simples e talvez possam entender/sentir melhor o que ora escrevo e quem sabe até  reconhecer alguma razão nestas parcas linhas.
Quando seguirem de um local ao outro, procurem relacionar os logradouros visualizados a episódios de criminalidade noticiados. Os leitores de boa memória (ou nem tanto) ficarão  impressionados...
Não, as coisas não estão melhorando!

2 comentários:

Anônimo disse...

Vergonhosa a atuação da PM hj com a manifestação dos professores!
Enquanto os Governantes tiverem essa policia que esta aí, eles nunca, nunca irão valorizar os seus integrantes. É melhor ter servos ignorantes, mal pagos e despreparados para depois dizer que são debil mentais, do que qualificar e dar dignidade aos seus policiais para ter seus desmandos questionados a luz dos direitos civis.
Asp 2005.

Wagner de Medeiros disse...

Faço estes comentários unindo o conteúdo da postagem orignal ao desabafo do comentárista anônimo que me antecedeu.

Sou o tio citado no texto, o qual, não quase, mas já em prantos, buscou notícias do sobrinho, irmão do Major Wanderby e filho de meu irmão que, se Deus ainda não tivesse levado, certamente teria, pelo menos, bastante diminuída sua expectativa de vida, em vista do susto por que passamos. De fato, a percepção, cada vez mais clara, para um crescente contingente de pobres viventes nesta cidade, é a de que nossas vidas se transformaram num jogo de roleta-russa à espera da bala (nossa) da vez. Quem tem, em sã consciência, confiança de que o Estado, ao qual pagamos para cuidar dos serviços públicos de saúde, de educação e de segurança, são de padrão suficiente a restringir os riscos fortuidos inerentes à nossa condição de humanos, e não incapazes de nos livrar de tragédias anunciadas próprias dos sem saúde, sem educação e sem segurança?

Ficamos aliviados por que a tragédia, desta feita, tinha se abatido sobre um homônimo! É, infelizmente, em regra, o sentimento que ainda conseguimos externar, tamanha a banalização do anúncio de mais uma morte, se ela não é de nossa família, dentre tantas diariamente pevistas (de civis e militares), a cada novo dio que nasce nesta cidade!!

E de quem é a culpa? o anônimo fala de uma vergonhosa atuação da PM! Outro dia, foi um juiz que (julgando pedido desesperado de uma filha para que o Estado cuidasse da saúde de sua mãe) mandou prender uma médica que não acatou decisão de que a paciente fosse, imediatamente, internada! Quem, de fato, é o culpado? Com todo o respeito, não dentifiquei no comentário se a citação vergonhosa é aplicada à ação dos policiais-militares (agentes), da Instituição PMERJ ou do Governador (Comandante em Chefe da PM) e responsável primeiro pelo funcionamento de todas as Instituições Estaduais. Focando apenas em dois fatos - a prisão da médica que não pode internar a doente em uma CTI, pois não havia vaga, e o confronto policiais X professores (ou "sujos" X "mal-lavados" ou "pobres coitados" X "pobres não menos coitados" ou injustiçados X injustiçados,continua a pergunta: de quem é a culpa? Claro, não há justificativas para violências ou excessos, nem por parte dos grevistas, nem por parte dos policiais, mas o que se pode esperar quando a pressão, não só pela vida com baixos salários, como pelos desajustes da própria formação profissional e de falta de expectativas de melhores dias aflora, quando a "a panela de pressão explode"? E o que dizer quando estas pessoas - tanto civis como militares - vivem em diuturna expectativa de que o que aconteceu com o homônimo de meu sobrinho, enlutando sua mãe, pai, irmãos e demais familiares, não foi uma fatalidade, mas uma tragédia à qual estamos todos sujeitos! Não, não é a Insituição Polícia Militar que deve estar envergonhada, pois ela é vítima. Não, não é a médica que merecia ser presa, pois não cabe à ela tratar que os hospitais tenham CTI suficientes. Não, não são os professores e os policiais os culpados, pois a extrapolção de suas reações são efeitos, antes de serem causas. Talvez, envergonhados devamos nos sentir todos nós, porque, por mais triste que isto possa parecer, todos nós temos nossas culpas pois, afinal, somos nós que escolhemos quem nos Governa e quem traça a política da educação, da saúde e da segurança. E somos nós que, até na hora do voto, não nos indignamos à altura do que merece esta degradada situação a que chegamos e que, a bem da verdade, diga-se não ser particular de nosso Estado, mas em geral, de todo o País!! Meus pesâmes à mais uma família vitima de anunciada tragédia, vitima do descaso, vitima sa incompetência, vitima da falta de políticas inteligentes, vitima da priorização de um projeto para o povo, ao invés de projetos de pessoas. Até quando podemos viver, conviver ou sobreviver, com e a estes sustos!