02/05/2007

Desgraçadamente, a velha história se repete, mas os personagens são os mesmos.

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Extra Online
01/05/07

"PMs são fuzilados na mesma rua de Oswaldo Cruz em que João Hélio foi assassinado

RIO - Tiros de fuzil mataram, às 20h desta terça-feira, dois policiais militares, na Rua João Vicente, em Oswaldo Cruz, Zona Norte.
Em uma patrulha do 9º BPM (Rocha Miranda), eles vigiavam o local exato onde, há quase três meses, foi assassinado João Hélio Fernandes, de 6 anos. Em três veículos, os assassinos dos soldados Marco Antonio Ribeiro e Marcos André Lopes entraram em alta velocidade na rua de mão dupla, no sentido Marechal Hermes, e atiraram na viatura, escapando pela Estrada Henrique de Melo. Os carros pararam 50 metros adiante. Seis homens voltaram a pé ao local do crime, onde novamente dispararam as suas armas. O bando roubou um fuzil e duas pistolas, que estavam com suas vítimas.
Segundo o delegado da 30º DP (Marechal Hermes), Hércules Pires do Nascimento, os carros utilizados no crime foram um Toyota, um Astra e um terceiro veículo não identificado. Os soldados haviam sido transferidos do extinto Grupamento Especial Tático Móvel (Getam) para o batalhão há dois meses, justamente para reforçar o policiamento, após a morte do João Hélio. Morreram logo após assumir o posto de serviço, na troca de turno. Os moradores da rua voltaram a testemunhar o terror. No dia 7 de fevereiro, muitos viram de perto quando o menino começou a ser arrastado (por sete quilômetros de asfalto). A criança ficou pendurada pelo cinto de segurança, do lado de fora do carro de sua mãe, invadido por assaltantes. Também houve comoção entre os PMs chamados ao local. Disseram saber de antemão que a execução de colegas de farda aconteceria no local mais cedo ou mais tarde. ".

Comentários de um Oficial PM

Sinto-me impotente diante dessa notícia.

Não quero mais ouvir notícias ruins.

Não quero mais ficar triste por pessoas que nem mesmo conhecia.

A tristeza amargura meu coração desde muito.

E foi pontual dias atrás quando li que, na guerra há muito declarada entre traficantes do Batã e Fumacê, morreu uma jovem, filha única, moradora de Bangu, muito bonita, universitária. À exceção da qualidade de universitária, características idênticas de minha noiva, que deixou de passar por aquele mesmo local onde a jovem morreu depois de eu quase lhe implorar. Eu passei por ali e vi traficante portando um Ak-47, 7:30 h da manhã. E vivia pedindo a minha noiva para não passar por ali, mas por vezes ela ainda me confessou não evitar o endereço. E vejo a notícia da jovem morta por bala perdida naquele local, quando minha noiva já não mais passava lá.

A jovem não teve a mesma orientação... chora a mãe que perdeu o marido há pouco tempo, chora a mãe que perde a filha única, chora o namorado que, descobri, faz faculdade onde terminei de estudar agora no fim do ano passado. Tudo tão próximo. Na mesma guerra de traficantes, salvou-se o frentista, por pura sorte... E eu também passei algumas várias vezes, voltando do Norte Shopping, e vi a patrulha onde os PM agora foram vitimados.

Onde está o valor da vida humana?

Não os conhecia, mas vestem a mesma farda que eu. Não os conhecia, mas triste estou, pois logo, logo mais 2.000 se formam... e somos, então, peças de reposição.

Um aperto no coração, muita tristeza por uma dor que não é tão minha, como das mães daqueles pobres policiais.

Pobres mesmo, pois ganhamos o 2º pior salário do Brasil para ficarmos prostrados a mercê de emboscadas.

Talvez tenha divagado um pouco. Não quero mais essa tristeza... ".

PEÇAS DE REPOSIÇÃO BARATAS, EXTERMINADAS IMPUNIMENTE COMO... BARATAS!

Só idiotas são incapazes de aprender com os próprios erros (e acertos)!

Será que sou realmente louco ou alguém mais consegue vislumbrar que acontecimentos, ações e omissões aparentemente sem relação entre si continuam a atuar, em perspectiva sinérgica, para produzir (e reforçar) a desgraça cotidiana fluminense e, principalmente, carioca?

Ao que parece, só mudamos o governo, pois a forma de governar continua a mesma!

Até quando permaneceremos inertes?

E o que, afinal, nos mantém inertes?

Somos idiotas? Baratos? Baratas?

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