15/05/2007

Há outro caminho!

JB-15Mai07

"Editorial: A vitória pela asfixia econômica

Na batalha contra os traficantes de drogas entrincheirados nas comunidades mais carentes da cidade, a Polícia conseguiu, enfim, uma vitória considerável. A apreensão, na semana passada, de um caderno com anotações detalhadas da movimentação financeira da maior facção criminosa do Rio abre um novo e promissor front na guerra sem trégua que envolve toda a sociedade.

A descoberta do livro-caixa arranca aplausos para o serviço de inteligência policial e indica o caminho a ser trilhado: a asfixia econômica da indústria do crime. Ao mesmo tempo, a contabilidade marginal escancara a que ponto chegou a desfaçatez do crime abusadamente organizado, que gere empresarialmente seus negócios e expressa, sem disfarce, as quantias arrecadadas na sucessão de atos ilícitos. As delinqüências abrangem a compra e venda de drogas, de armas e de liberdade nas cadeias ou salvo-conduto nas blitzes policiais.

Conforme as folhas da contabilidade do crime apreendidas na Vila Cruzeiro (Zona Norte do Rio), só o fundo de reserva da quadrilha - espécie de caixinha de emergência, com a qual os bandidos devem colaborar mensalmente com alguns "trocados" - dispõe de até R$ 230 mil por mês. Pelos cálculos dos investigadores, a facção movimenta até R$ 36 milhões por ano.

As cifras impressionantes demonstram que a tática até agora utilizada pelas autoridades policiais precisa de urgente revisão. Como explicitou a série de reportagens do JB, a simples apreensão de armas dos traficantes não é suficiente para impingir-lhes um prejuízo suficientemente severo para abalar o faturamento da organização. Em 10 anos, a Polícia retirou de circulação dos morros cariocas mais de 2.200 armas longas (como fuzis e metralhadoras), que custam, juntas, R$ 17 milhões. Uma perda de meros R$ 140 mil mensais para o tráfico.

Portanto, é hora de trocar de estratégia e agarrar os traficantes pela ponta do lápis. Quebrar a indústria criminosa a partir das provas por ela própria fornecidas - tal qual agiu o grupo de investigadores escalado para pôr na cadeia o chefe mafioso Al Capone, na Chicago dos anos 30. Acusado de uma dezena de crimes, o gângster foi preso sob a singela acusação de sonegação de impostos.

Transpondo-se a medida para a realidade brasileira, faz-se necessário um esforço conjunto das Polícias civil, Militar e federal, bem como dos órgãos fiscalizadores estaduais e federais a fim de realizar uma devassa nas contas do tráfico. Tomando como ponto de partida as anotações obtidas na Vila Cruzeiro, chegar-se-ia facilmente aos fornecedores e aos beneficiários da rede montada pelos traficantes.

Afinal, os autores do livro-caixa sequer se dão ao trabalho de disfarçar um repasse recente de R$ 24.500 para Fernandinho Beira-Mar, que cumpre pena no presídio paulista de Catanduvas. Na caligrafia marginal, o bandido é citado como "Dr. Fernando, Catanduvas". Do mesmo modo, outros tantos colaboradores da indústria criminosa são mencionados sem cuidados com a camuflagem.

A combalida tática do confronto armado com os soldados do tráfico, além do risco de vitimar inocentes, exige dispendiosa logística e se estende por um prazo perigosamente indeterminado. A estratégia da asfixia econômica, se bem aplicada, tende a dar resultados em curto prazo. Mas renderia ainda mais frutos se viesse coordenada com ações de inclusão social das comunidades ora dominadas pelo crime - com ênfase em educação, saúde e saneamento. O caminho está aberto.
" (grifos meus).

Um comentário:

Anônimo disse...

Nesses tempos sombrios, ainda vale algumas perguntas, antes que a fé nesse governo se vá por completo:
1) Por que ainda exsitem policias desviados de funções?
2) Por que o jogo do bicho ainda corre solto?
3) Por que a tolerânica zero não foi implentada ainda, conforme programa de governo?
4) Por que usuários de drogas continuam podendo subir morros sem ser incomodandos?
5) Por que as "maquininhas" ainda estão nos bares do Estado?
6) Por que os policiais não são valori$ados?
7) Como os comandantes de batalhões explicam o jogo do bicho, as "maquininhas" e transporte piratas, que funcionam a todo vapor em suas regiões de policiamento?
8) Quem, no Estado, está ganhando com isso?
9) Por que a PM ainda não pode emitir TC?
10) Como o comandate geral da PM explica a contravenção livre, leve e solta?
11) Qual a desculpa do Cabral para o não cumprimento das promessas?
12) Por que as Segurança Pública continua politizada?
13) Beltrane, o que o sr. está fazendo ai?

Alguem pode responder????