02/10/2007

EUREKA!

Ontem à noite, fiquei perplexo ao observar declarações do secretário de segurança do RJ dando conta de que está convencido de que o aumento de ostensividade é o principal fator de inibição de delitos.
Declarações similares já foram feitas em circunstâncias distintas de tempo e local, já que agentes políticos outros pensavam da mesma forma. Ou será que ninguém se lembra da máxima de Paulo Salim Maluf de que "segurança pública é polícia na rua"?
Havendo cientificidade em tal afirmação, parece que a solução realmente se apresenta simplória, bastando que o governo Cabral instale no RJ um "estado policial", locando policiais (ou melhor, pessoas uniformizadas, fardadas ou com coletes) no maior número de logradouros e durante o maior tempo possível.
Vamos recrutar mais policiais militares, manter o apoio da Força Nacional, retirar o Exército dos Quartéis e colocar a CORE e toda a Polícia Civil para atuar (ostensivamente, é claro). Quem sabe não possamos também recorrer aos reservistas da paz?
Problema resolvido?
Lamento informar, mais uma análise profunda dos índices estatísticos do estado denotará que em verdade a mera presença policial tão somente DESLOCA as práticas delituosas, seja no que concerne às circunstâncias de tempo e local propriamente ditas, seja em relação às modalidades criminosas abarcadas.
Lembro de que há mais de quinze anos, aprendi que os fatores primários modeladores comportamentais são delimitadores importantes da resistência interna de cada indivíduo às solicitações globais para a prática de desregramentos sociais (vontade).
Quanto à oportunidade, é fato que a presença de um agente do estado tende a evitar que quem tenha vontade de praticar determinado delito, não o faça NAQUELE LOCAL, mas não parece ser determinante para que não procure outro.
Centrar a resolução do problema na ostensividade, ou seja, nos ombros da Polícia Militar, parece olvidar fator de fundamental incremento à prática de delitos, ou seja, A SENSAÇÃO DE IMPUNIDADE, derivada da quase certeza estatística de que a autoria dos delitos praticados não será elucidada.
Ou será que o secretário fez tais declarações ciente de que os parcos índices de elucidação de delitos de sua polícia investigativa são fundamentados justamente nas prisões em flagrante delitos feitas, em sua maioria, pela polícia ostensiva? Que sem tais prisões, os índices estariam ainda mais próximos de zero?
Vou tentar ser otimista!
Talvez as declarações do secretário reflitam os primórdios de uma verdadeira política de segurança pública no RJ, fundamentada não apenas na busca de argumentos para tal, mas na operacionalização de ações que façam com que a polícia ostensiva possa permanecer mais tempo nos logradouros públicos e menos tempo nos próprios ocupados pela polícia investigativa.
Talvez o secretário de segurança tenha feito apenas um prelúdio argumentativo para que a polícia ostensiva, tal qual em seu estado natal, passe a carrear ocorrências de menor potencial ofensivo diretamente ao poder judiciário e a registrar as infrações penais sem flagrância, deixando a polícia investigativa menos assoberbada com meros relatórios e, portanto, mais apta a destinar seus recursos à elucidação de delitos.
Talvez o secretário de segurança passe mesmo não apenas a cobrar que sua polícia investigativa elucide delitos, mas a determinar, tal qual já ocorre em relação às infrações penais praticadas, seja dada TRANSPARÊNCIA em relação ao que deveria vir após tal constatação; falo dos ÍNDICES DE ELUCIDAÇÃO DE DELITOS NO RJ.
Quem sabe até busque que o governo Sérgio Cabral atenda à necessidade constitucional e prática de regulamentação da autonomia da polícia técnica no estado?
Ou será que a "política de segurança pública" do RJ é refém dos interesses classistas dos delegados de polícia civil?
A propósito, qual é a opinião do secretário quanto ao pleito de integração salarial entre as forças policiais do RJ?

2 comentários:

Anônimo disse...

O secretário da Casa Civil, em entrevista, declarou que vai exigir o recrudecimento de estatiscas da violência, inclusive punindo PM onde não se conseguir tal coisa. O que é de se estranhar que apenas os PMs, comandante de OPM, é que vai pagar o pato, deixando de fora a PCERJ.
Parece que nada mudou e é tudo na nossa conta!!!!!

Anônimo disse...

Quer dizer que " infiltraram " PMs, como " agentes secretos " na reunião dos PCs para gravarem o que falavam e eles foam descobertos, tomaram uma dura, foram fotogtafados abraçado àqueles que estavam "investigando"?E o samango ainda confessou que estava ali por determinação do QG?Né sacanage não mas quem terá sido este imbecil?
Já pensaram se fosse o contrário? Se PCs se infiltrassem entre nós? Daríamos um escândalo, não é?
Senhores, esta irresponsabilidade poderia ( pode?) nos cusar caro! Bem que os charles levaram no bom humor.
Há na PM um grupo que está mal direcionado. Esqueçam os PCs. Lutemos por melhores salários para nós...
Se esse assunto virar notícia e o responsável vier a tona?
Mais uma desmoralização.
Vergonha!!!!