12/08/2009

Catarse



Como era de se esperar diante da falta de habilidade, da inexistência de política sólida e de abordagem sinérgica e compromissada com interesses meramente públicos para a área, os índices de (in)segurança no RJ, aliados ao que parece ser a percepção da maioria da população, demonstram que as coisas seguem previsível rumo, indo de mal a pior.
A retirada da PM do trânsito (sua atribuição mais ostensiva e talvez imediata e eficaz do ponto de vista da preservação da ordem pública), o deslocamento da autoridade de polícia administrativa para órgãos, autoridades e "programas" alienígenas (qualquer coisa "legal", choque disso ou daquilo, etc), a cessão de autoridades de polícia administrativa para desempenho de atribuições típicas e constitucionalmente designadas à PM fora da PM, a extinção de importantes Unidades Operacionais sem que a população fosse sequer ouvida (BPFer e BPTran), a "imunidade" dos apontadores de jogo do bicho, a intimidade de autoridades públicas com a LIESA, as aventuras belicosas representadas pelas "invasões" de 2007/2008 e todo o sangue inocente derramado em razão de tais devaneios, a ocultação das taxas de elucidação de delitos, as incansáveis articulações em torno da defesa de interesses eminentemente classistas que privilegiam apenas um segmento de profissionais de segurança pública, etc. bem podem se prestar ao descortino de respostas para o quadro trágico de insegurança com o qual nós, cidadãos fluminenses, nos deparamos cotidianamente.
É lamentável que suposto e cada vez mais provável planejamento estratégico voltado à construção, a partir da capital cultural do Brasil, de modelo de segurança pública no qual a autoridade e as atribuições em prol do bem estar da população são fracionadas entre bem remunerados e pouco ou nada cobrados delegados de polícia e um resto maltrapilho, mal pago e provido de um conveniente (não para a população) arremedo de autoridade, seja de que instituição de segurança pública for, justifique a penúria que vem sendo imposta aos fluminenses desde o início da trágica gestão atual.
E é lamentável também que poucos se dêem conta do que ainda parece estar acontecendo...
Afinal, respeitados eventuais - desde que reais - posicionamentos contrários, por que o acesso aos opacos bancos de dados da Polícia Civil ainda não foi franqueado aos principais operadores de segurança pública? Quem mais precisa de acesso aos mesmos, o delegado ou o policial que atende às ocorrências na ponta da linha e que continua a "deter" inocentes para "sarque" no balcão das ineficazes delegacias de polícia?
E por que em meio a declarações e manifestações no sentido de reconhecer a necessidade de que a polícia ostensiva seja mais presente, com o que concordo desde que não apenas do ponto de vista meramente físico, mas do compromisso e da eficácia em relação à preservação da ordem pública - não me parece que a inerte presença de policiais militares em meio à "farra" das vans e kombis, à presença de caça-níqueis, às lesões ao CTB por parte de motociclistas e de motoristas de ônibus, e ao JOGO DO BICHO seja algo realmente eficaz do ponto de vista da segurança do cidadão e creio que a Rua Dias da Cruz seja um "bom" exemplo do que ora afirmo -, ainda é possível observar a destinação de policiais militares para a Polícia Civil? Quais interesses presidem tal nefasta opção?

Que falta faz aos policiais militares e mesmo à sociedade fluminense uma entidade de classe independente e audaz!

4 comentários:

Rose disse...

Elucidativo e firme!E a explicação para tudo isso acontecer o senhor mesmo já disse nas primeiras linhas:"Inexistência de política sólida."
Com a maior taxa de homicídos do País, o Rio vive um quadro que se mantém praticamente inalterado já há quase duas décadas
É necessário a associação da área educacional , da área de saúde,das instituições de proteção social e da polícia no combate ao crime agindo diretamente sobre suas causas. Somente assim diminuiremos as taxas de criminalidade que vêm aumentando...
No Rio, nós chegamos a um ponto muito longe. Na última década, se errou muito mais do que se acertou. Demos pouca prioridade a investigar como as armas entram nessas áreas urbanas, e como essa munição também entra. A arma entra uma vez e fica lá dentro, mas a munição tem que entrar o tempo todo e todos os dias. Existe um abastecimento permanente de ambas. E pouquíssimas investigações foram feitas para conter tais fluxos. Acredito ser este UM dos exemplos de como se tem errado na condução das políticas de segurança...

Anônimo disse...

Associação de policiais e bombeiros diz que operação padrão não é legítima
Órgão fará manifestação nesta quinta no Largo do Machado

Rio - A Assinap (Associação de Policiais e Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro) divulgou nota, na tarde desta quarta-feira. O documento afirma que a operação padrão supostamente realizada por policiais não é legítima e convida PMs e BMs, ativos e inativos, para participar da manifestação do Movimento Unificado do Servidor Público (Muspe), nesta quinta-feira, às 10h, no Largo do Machado. Confira a íntegra:

"Caro policial, a ASSINAP não reconhece a legitimidade da operação padrão. Cuidado! Não queira aderir a um movimento que ninguém sabe ao certo como surgiu nem que é seu criador.

Fazer uma operação padrão com mero objetivo de lotar cadeias não é racional e ainda pode levar o agente de segurança a cometer excessos e arbitrariedades contra cidadãos de bem. O argumento de prender por prender foge a qualquer noção de razoabilidade.

Uma Operação Padrão nos moldes convencionais é aquela onde o policial se recusa a atuar por não possuir seus equipamentos de segurança, viaturas, armamentos e salários em condições dignas. Uma operação, aliás, que poderia ser justificada em nosso estado, dada as condições miseráveis em que vive o policial fluminense.

No entanto, a operação que vem sendo difundida para se iniciar hoje não obedece a essa norma.

Portanto, já que a operação padrão não será nos moldes convencionais, a ASSINAP aconselha a todos os policiais que NÃO participem do movimento.

Convidamos todos os PMs e BMs, ativos e inativos, para participar da manifestação do Movimento Unificado do Servidor Público (Muspe), nesta quinta-feira, às 10h, no Largo do Machado. Esta sim, uma manifestação com autor e objetivos definidos".

Miguel Cordeiro
Presidente da ASSINAP

Anônimo disse...

MAJOR VANDERBY A POLÍCIA MILITAR NÃO TEM UM LIDER ,QUE FRACASSO ESSA OPERAÇÃO PADRÃO NINGUÉM TEM CORAGEM DE COLOCAR A CARA PRA BATER É POR ISSO QUE CONTINUAMOS COM ESSE SALÁRIO DE FOME.

Anônimo disse...

NÃO PRECISAMOS DE UM SALVADOR DA PÁTRIA E SIM DE UMA NOVA ASSOCIAÇÃO.

MAS NÃO UMA ASSOCIAÇÃO QUE DEFENDA O INTERESSE DE UMA CLASSE OU OUTRA (OFICIAL OU PRAÇA). MAS UMA QUE DEFENDA O INTERESSE DOS PROFISSIONAIS MILITARES DE SEGURANÇA PÚBLICA (PRAÇAS E OFICIAIS) QUE REALMENTE QUEIRAM MUDAR ESSE CAOS MEDIAVAL QUE SE ENCONTRA O ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

E DEPOIS IREMOS AO MOVIMENTO ÚNICO E NOSSO!